17/10/2012 - 21:00
O indiano C.K. Prahalad, uma das maiores autoridades em administração do mundo, especialista no mercado de baixa renda, dizia que a sobrevivência de boa parte das empresas estaria em “descobrir como converter os pobres em consumidores e introduzi-los no mercado global”. Para Prahalad, falecido em 2010, as grandes companhias insistiam em negligenciar um mercado que representa cerca de 70% da população mundial por causa da ideia equivocada de que a falta de recursos é sinônimo de baixa rentabilidade. No entanto, sua crítica não se restringia às gigantes multinacionais. Muitas companhias pequenas e médias também sofrem dessa miopia.
Justi, da Eurodata: ”O nível de exigência do consumidor
da classe C aumentou”
Mas isso está mudando, principalmente no Brasil, onde surgiu uma classe C que hoje totaliza mais de 100 milhões de pessoas, com dinheiro no bolso. Algumas empresas, inclusive, lançaram mão de estratégias criativas para atingir o novo público. É o caso da Eurodata, rede de ensino profissionalizante, que existe há 17 anos e tem 360 unidades espalhadas por 23 Estados do Brasil. Até 2010, a empresa trabalhava com 15 cursos voltados para idiomas e informática. “Percebemos que nosso consumidor queria mais”, diz Fabio Gilmar Justi, superintendente da rede. “O nível de exigência da classe C aumentou muito nos últimos anos.”
No ano passado, a Eurodata lançou mais de mil cursos em 21 áreas, como hotelaria, gestão imobiliária, pedagogia, marketing, logística e recursos humanos. “Em cinco anos, queremos dobrar o número de unidades no Brasil”, afirma o superintendente da Eurodata, que faturou R$ 123 milhões em 2011. Outra empresa que se adaptou ao gosto do freguês foi a Mil-Milkshakes. “O milk shake sempre foi um produto caro”, afirma Ofélia Massis, gerente de expansão da marca que já tem 46 lojas e fatura R$ 10 milhões. “Decidimos torná-lo mais acessível.” O produto custa a partir de R$ 8 em lojas de fast-food. Na Mil-Milkshakes, sai por R$ 3,50. “Como o público da classe C gosta de novidades, criamos mais de 100 sabores, como lichia, cupuaçu, açaí, mexerica, entre outros”, diz Ofélia.