06/04/2011 - 21:00
As desavenças entre sócios são comuns no mundo dos negócios. No mercado de tecnologia, no entanto, as cizânias às vezes assumem contornos novelescos, especialmente quando seus protagonistas são figuras ilustres que transformaram empresas pequeninas em poderosas corporações internacionais.
Um desses casos está retratado no filme A rede social, segundo o qual Mark Zuckerberg é o vilão que jogou para escanteio seu sócio no Facebook, o brasileiro Eduardo Saverin. Agora, vem à tona uma polêmica que diz respeito a uma das mais tradicionais empresas de tecnologia: a Microsoft. Um trecho apimentado de Idea man: a memoir by the co-founder of Microsoft, livro assinado por Paul Allen, criador da empresa ao lado de Bill Gates, foi publicado no site da revista Vanity Fair e no The Wall Street Journal. Embora suavizado por alguns elogios ao ex-parceiro, o relato soa como um poço de mágoas.
Velhos tempos: Gates e Allen (à dir.) na época em que tudo eram sorrisos e sonho de fazer história
Na obra, que será lançada no dia 17 de abril nos EUA, o autor dá a sua versão de como a Microsoft se transformou num negócio bilionário. Diz, por exemplo, que muitas ideias brilhantes da empresa brotaram da cabeça dele, Allen. Bill Gates também seria um chefão briguento. O ápice da lavagem de roupa suja é o trecho em que afirma ter presenciado um diálogo em que Gates e Steve Ballmer, hoje CEO da companhia, discutiam maneiras de reduzir sua participação na Microsoft.
O motivo seria a pouca produtividade de Allen, que na época passava por um tratamento de câncer. Ao ouvir o diálogo, o autor enfrentou Gates e Ballmer. “Eu tinha ajudado a fundar a empresa e ainda era um membro ativo da diretoria, embora limitado pela doença”, escreve Allen. “Agora, meu sócio e meu colega estavam fazendo um complô para me roubar.” Por meio de um comunicado escrito, Bill Gates responde que suas “lembranças de muitos desses acontecimentos podem diferir das de Paul”.
Ainda assim, valoriza “sua amizade e as contribuições importantes que fez ao mundo da tecnologia e à Microsoft”. Allen pode carregar uma amargura sem fim de sua trajetória como sócio de Gates, mas de uma coisa não pode se queixar: o dinheiro recebido com o acordo com a Microsoft, de onde saiu na década de 1980, garante sua aposentadoria. Hoje, ele é o 57º homem mais rico do mundo, com uma fortuna de US$ 13 bilhões, segundo a revista Forbes.