Nos últimos anos, a Vale se transformou em uma das empresas mais agressivas no Brasil e no Exterior. Assumiu o controle da mineradora de níquel canadense Inco, em 2006, por cerca de US$ 20 bilhões, e abriu frentes de prospecção de minérios na África e em diversos  países da América Latina. No Brasil, a expansão também foi forte e incluiu a entrada no segmento de fertilizantes e o anúncio da construção de duas usinas siderúrgicas.Esse ritmo frenético de investimentos, no entanto, será atenuado em 2012. Na segunda-feira 28, Murilo Ferreira, presidente da Vale, se reuniu com investidores na Bolsa de Valores de Nova York, para anunciar o plano de desembolsos para o ano que vem, orçado em US$ 21,54 bilhões. Trata-se de um montante 11% menor em relação aos US$ 24 bilhões previstos para este ano pelo antecessor de Ferreira, Roger Agnelli, que deixou o posto em maio. “Só vamos aplicar em projetos aprovados pelo Conselho de Administração e que dispunham de licença ambiental prévia”, disse Ferreira. Atualmente, 37 programas da companhia no País estão à espera do sinal verde dos órgãos ambientais. 

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Novo time: Ferreira (à frente) com a atual diretoria executiva da Vale,
em evento na Bolsa de Valores de Nova York 

Por conta disso, apenas cerca de US$ 18 bilhões, do total proposto por Agnelli, serão efetivamente aplicados em 2011. Ferreira também anunciou mudanças na estrutura da direção da Vale. Agora, cada dirigente será responsável por projetos do início ao fim. “Antes faltava clareza e, como se diz no jargão do futebol, tinha muita bola dividida”, afirmou Ferreira. O mercado gostou da apresentação de Ferreira. “O volume de investimentos é ambicioso e mostra que haverá continuidade no plano estratégico”, diz Pedro Galdi, analista de siderurgia da corretora SLW. Para ele, a diversificação, com a entrada na produção de fertilizantes e na siderurgia, ajudará a reduzir ainda mais a dependência em relação ao minério. Item no qual a Vale vem perdendo mercado internamente. Desde 2005 sua fatia caiu de 70% para os atuais 50% e a previsão da direção da companhia é chegar a 29% em 2014. “Os clientes da área siderúrgica estão se tornando concorrentes da Vale”, diz Galdi.