Desde que se afastou do dia a dia da Microsoft, em junho de 2008, Bill Gates poderia estar curtindo o “dolce far niente” em algum recanto exclusivo do planeta, consumindo do bom e do melhor. Afinal, ele é homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 85 bilhões. Na semana passada, no entanto, Gates foi visto em Seattle, nos Estados Unidos, bebendo água extraída de fezes humanas. Calma, o fundador da Microsoft não está louco, muito menos esse é um hábito excêntrico do bilionário. Ele, na verdade, foi conferir de perto um dos investimentos da sua fundação Bill & Melinda Gates. Trata-se da Janicki Bioenergy, empresa que desenvolveu o Omni Processor, capaz de transformar dejetos humanos em água potável e eletricidade.

“É água”, disse ele, logo depois de beber um gole do “precioso líquido”, em um vídeo que circulou o mundo. Esse é o lado B de Bill Gates, que ainda dedica uma parte do seu tempo para dar conselhos tecnológicos ao novo CEO da Microsoft, Satya Nadella. Há sete anos, no entanto, ele tem canalizado a maior parte de suas energias e direcionado suas melhores ideias para projetos humanitários, principalmente em causas que ajudem as populações pobres do mundo, em especial na África. Por essa razão, sua fundação, que conta com recursos superiores a US$ 40 bilhões, tem investido dinheiro para ajudar no desenvolvimento de uma vacina contra o ebola e na cura da malária.

“O mosquito é o animal mais mortal do mundo”, disse Gates, no ano passado. Segundo ele, o inseto voador provoca, em média, 720 mil mortes por ano no mundo. Em outras ocasiões, Gates se envolve em temas que geram uma centena de piadinhas pela web (como o caso da água potável feita a partir de fezes humanas), mas que demonstram a preocupação do criador do sistema operacional Windows na busca de ideias inovadoras e surpreendentes, que ajudem a reduzir a pobreza e a mortalidade no continente africano, provocada por questões sanitárias. Em 2012, por exemplo, o bilionário criou um concurso que premiava com US$ 100 mil os inventores de banheiros ecológicos, que demandassem menos água e evitassem contaminações.

O projeto vencedor foi apresentado por uma equipe de cientistas do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia, na tradução de inglês), que desenvolveu um vaso sanitário autossuficiente e movido a energia solar. O Omni Processor, a geringonça da vez, será instalada em Dacar, no Senegal. “Se pudermos desenvolver uma forma segura e barata de nos livrarmos dos dejetos humanos, evitaremos muitas dessas mortes e ajudaremos as crianças a crescerem com mais saúde”, escreveu Gates, em seu blog, sobre o projeto. Depois de provar a água, ele deu seu veredicto. “A água tinha um gosto tão bom quanto o de qualquer garrafa. E, tendo estudado a engenharia por trás disso, eu a tomaria tranquilamente todos os dias.” Palavra de Bill Gates.