Imagine quase dobrar o valor de mercado da sua empresa em apenas alguns meses. Esse é o caso da Nvidia, gigante com valor de mercado hoje em US$ 671 bilhões, listada na Nasdaq e que em novembro do ano passado tinha valuation de US$ US$ 343 bilhões. Mas nem tudo são rosas. No ano fiscal de 2023, encerrado em janeiro, a companhia faturou US$ 27 bilhões (em linha com o ano fiscal encerrado em janeiro de 2022), mas viu o lucro líquido cair 55%, para US$ 4,4 bilhões. Segundo o fundador e CEO global, Jensen Huang, os números fracos são resultantes de uma recuperação do setor de games. O que explica então a companhia ter mais dobrado de valor mesmo após a demonstração de resultados? A resposta é: o futuro, que está amplamente ancorado em duas soluções — sua mais nova plataforma de soluções para o metaverso, para o B2B e B2C, a Omniverse, assim como suas novas soluções de inteligência artificial (IA). “A IA está em um ponto de inflexão e se preparando para a adoção em todos os setores, de startups a grandes empresas”, afirmou Huang. “Vemos um interesse acelerado na sua versatilidade e capacidade”, disse o CEO.

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“Entendemos como cada cliente pode usar o Omniverse para resolver problemas ou como plataforma de digitalização” Jensen Huang CEO e fundador da Nvidia.

Na Nvidia, o omniverso é um ponto transformador — tanto quanto o conceito do omnichannel mudou totalmente o mundo do varejo. Consiste em uma plataforma de computação que permite o desenvolvimento de fluxos de trabalho e aplicativos 3D baseados em Universal Scene Description, solução para compartilhamento de dados gráficos 3D. Muitas indústrias já utilizam técnicas de virtualização e 3D em suas operações. Então, o que há de novo? Basicamente, segue um movimento comum em toda a indústria de tecnologia e, sendo o mais simplista possível, é um superapp: uma plataforma que reúne diversas ferramentas já utilizadas na indústria em um só lugar, o que permite um fluxo de trabalho mais fluído e a criação de metaversos para desenvolvimento e otimização de produtos, sistemas, sites industriais, entre outras diversas aplicações.

Mesmo que aponte para uma simplificação e projete o futuro do grupo, a área de Visualização Profissional da Nvidia, que abriga o Omniverse, ainda dá seus primeiros passos. O faturamento no ano fiscal de 2023 foi de US$ 1,5 bilhão, queda de 27% ano a ano. “Entendemos como cada cliente pode usar o Omniverse para resolver problemas ou como plataforma de digitalização”, disse Huang, em evento virtual do qual a DINHEIRO participou. Essa é a grande aposta da empresa para os próximos anos, tanto para crescer como para diversificar o portfólio. Também um dos motivos do seu crescimento em valor de mercado.

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“O DGX cloud dá acesso a uma infraestrutura para a formação de modelos de IA generativa diretamente do navegador” Márcio Aguiar diretor Latam de Nvidia Enterprise.

PRÓXIMA GERAÇÃO Uma aposta que embora ainda não acelere em resultados financeiros já começa a pavimentar projeções otimistas para que isso ocorra num prazo curto, uma vez que grandes companhias, como a Mercedes-Benz, começam a adotar a tecnologia nos seus processos. A fabricante alemã está utilizando a suíte de soluções para desenvolver virtualmente suas fábricas de próxima geração, onde os veículos serão desenvolvidos via software com recursos de direção inteligente testados e validados na aplicação. Nas fábricas serão testados processos de planejamento de maneira totalmente digital, em um primeiro momento, para que a fábrica não interrompa a produção atual. Segundo anúncio da empresa, o projeto também será implantado em outras plantas da rede global de produção da Mercedes-Benz.

95% foi o crescimento em valor da NVIDIA em 150 dias, com os anúncios recentes do ominiverse e de inteligência artificial.

Outro anúncio recente da Nvidia foi o DGX Cloud, serviço em nuvem que provê acesso a ferramentas de supercomputação para trabalhar diretamente com inteligência artificial. Lançada em momento acertado, com a onda de novas IAs conversacionais que tomaram os palcos do mundo da tecnologia desde o começo do ano passado. Márcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da Nvidia para a América Latina, disse que o DGX Cloud permite que as companhias acessem uma infraestrutura para a formação de modelos de IA generativa e outras aplicações diretamente do navegador de seus computadores. “São redes de IA pré-treinadas junto aos dados do cliente.” Com respostas parrudas para o futuro da tecnologia, a Nvidia criou a fórmula para dobrar de tamanho em 150 dias. Uma lição para muitas empresas e países.