21/12/2011 - 21:00
Com 43 anos de idade, a carioca Adriana Machado é o que se pode dizer uma estranha no ninho da subsidiária brasileira da americana General Electric (GE). Diferentemente de grande parte dos executivos que assumem posições de destaque na empresa fundada por Thomas Edison, Adriana não foi preparada em Crotonville, o principal centro de educação executiva da GE, próximo a Nova York. Formada em ciência política pela Universidade de Brasília, Adriana é uma especialista em diplomacia e relações institucionais em uma companhia reconhecida mundialmente por disseminar manuais de melhores práticas de processos e gestão. Foi contratada pela GE há menos de três anos. Seu chefe, o brasileiro Reinaldo Garcia, que é responsável pela América Latina, trabalha há 26 anos na corporação e já dirigiu divisões na Europa e nos Estados Unidos.
Posição favorável: Adriana aproximou a GE do governo e foi reconhecida com uma promoção
Nada disso, no entanto, foi um impedimento para que Adriana fosse anunciada, na terça-feira 13, como a nova CEO da companhia no Brasil, tornando-se a primeira mulher a presidir a subsidiária brasileira. Será dela, a partir de agora, a responsabilidade de comandar os investimentos de US$ 570 milhões previstos até 2013 no País. “Cheguei com a missão de estruturar a área de relações institucionais, algo que a GE não tinha aqui no Brasil”, afirmou Adriana. Essa função fez com que ela conseguisse em pouco tempo uma visão global da empresa, que atua em saúde, aviação, transporte, óleo e gás e iluminação.
A executiva, por exemplo, foi essencial para uma aproximação com o governo para a construção de um centro de pesquisas no Rio de Janeiro. Com investimentos de R$ 120 milhões, é o quinto centro da empresa no mundo e será inaugurado em 2012. Durante um almoço com a imprensa, quando foi oficialmente apresentada, Adriana demonstrou desenvoltura para falar dos diversos negócios do grupo no Brasil. Primeiro, comentou sobre como as operações adquiridas da Wellstream, no início deste ano, vão ajudar na estratégia de crescer com a exploração do pré-sal. Na sequência, elogiou a eficiência da fábrica de manutenção de turbinas para aviação, baseada em Petrópolis (RJ). Segundo ela, isso a faz ganhar contratos globais, mesmo competindo com unidades da GE mais próximas dos clientes.
A escolha de Adriana também ilustra bem o momento da gigante industrial americana no País. Depois de ter seu faturamento reduzido, em razão da crise financeira global, em 2008, a GE voltou a investir no Brasil. Tanto que sua receita deve crescer 30% em 2011, chegando a US$ 3,4 bilhões. Além disso, a GE vai voltar às compras no mercado brasileiro. Neste ano, criou um grupo de fusões e aquisições que dispõe de US$ 1 bilhão para comprar ou para formar joint ventures. Quem conheceu Adriana de perto elogia suas qualidades. “Ela é extremamente focada e carismática”, afirma Oscar Clarke, que a contratou quando presidia a Intel e que hoje é o CEO da HP no Brasil. Adriana também trabalhou na Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham-SP) e na Embaixada dos Estados Unidos.