09/05/2012 - 21:00
O mercado automotivo brasileiro está em marcha lenta. As mudanças na política de financiamentos, com retração do volume de crédito, e a alteração nas regras de importação, com a fixação de cotas para veículos vindos do México com isenção de impostos, por exemplo, tiveram impacto nas vendas. Em abril, houve uma queda de 10,27% em relação a igual período de 2011. É exatamente nesse cenário que o administrador britânico Steven Armstrong, 47 anos, terá a missão de pilotar a Ford do Brasil, a partir de 1º de junho.
Carreira: experiência acumulada na Volvo e na Getrag Ford são os trunfos
de Armstrong para ocupar o cargo no Brasil.
Diretor de operações da Getrag Ford Transmissions, da Alemanha, e com passagem pela Volvo Cars, empresas do grupo Ford na Europa, Armstrong assume o lugar de Marcos de Oliveira, 52 anos, que ocupava o cargo desde 2007 e cuja aposentadoria precoce foi anunciada na quarta-feira 2. A saída de Oliveira surpreendeu o mercado e seus colaboradores. Há duas semanas, o executivo participou ativamente da apresentação oficial do utilitário esportivo EcoSport, na Bahia, comemorada com festas, pela empresa. Ao deixar o cargo, Oliveira interrompe também o ciclo de executivos brasileiros à frente da subsidiária. Quesito no qual a Ford e a Fiat, comandada pelo paulista Cledorvino Belini, sempre foram exceções. O novo piloto da Ford terá a missão de manter a lucratividade da marca – são 33 trimestres consecutivos no azul.
O desafio de Armstrong, porém, é tirar a montadora americana da acomodação. Em quarto lugar desde a década de 1990, com uma fatia média de 10% de mercado, a montadora tem visto a diferença para o quinto colocado diminuir. No período 2007-2012, a diferença encolheu de 6,9 pontos percentuais para 2,6 pontos percentuais. Renault, Nissan e Hyundai estão cada vez mais perto e ampliando suas apostas no Brasil. O trunfo da Ford para defender sua posição é a chegada ao mercado do novo EcoSport, prevista para o segundo semestre. Considerado a menina dos olhos da filial, ele é o primeiro veículo concebido no Brasil a se tornar um projeto global. O executivo britânico terá também à disposição um orçamento de R$ 4,5 bilhões para gastar até 2015. A verba deverá ser usada no desenvolvimento de novos modelos e na construção da fábrica de motores em Camaçari (BA).