Quem entra na sede do Cubo Itaú, no número 54 da Alameda Vicente Pinzon, na Vila Olímpia, bairro paulistano com prédios vultuosos e vida corporativa acentuada, não vai ver as salas e mesas totalmente lotadas como ocorria entre 2015, quando o projeto foi fundado, e o início de 2020, quando as atividades arrefeceram por conta da pandemia. Eram 1,2 mil pessoas trabalhando e 2,5 mil que passavam pelos 14 andares do edifício diariamente. Atualmente é metade disso, praticamente. Mas isso não significa que diminuiu o fluxo de ideias no principal hub de fomento ao empreendedorismo tecnológico da América Latina. Pelo contrário. A organização que potencializa a conexão e geração de negócios entre grandes empresas e startups mudou seu formato e agora atende mais companhias — e melhor.

O Cubo também teve de passar pela tão disseminada transformação digital que ele mesmo incentiva. Passou a oferecer conexões de forma híbrida — presencial e virtual — e remodelou seu espaço físico, que pode ser facilmente modificado para atender demandas sazonais. Ficou mais versátil. E isso gerou resultados. O hub fechou 2021 com 400 startups atendidas, uma variação positiva de 166% em relação às 150 do período pré-pandêmico. No ano passado, as empresas incubadas receberam cerca de R$ 3 bilhões em investimento (cifra 60% superior a 2020), geraram R$ 2,5 bilhões de faturamento, com criação de 7 mil empregos. Por trimestre, são em média de 300 aplicações para os pitches, sendo aprovadas em torno de 25%.

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“É uma nova fase do Cubo. Eu não diria nova de estratégia, que continua a mesma, com o propósito de fomentar o empreendedorismo tecnológico no Brasil”, disse Paulo Costa, que há seis meses recebeu a missão de preparar o Cubo para o agora e para o amanhã. Curiosamente, ele também tem um passado com o Cubo. O executivo participou da criação do hub sete anos atrás, quando trabalhava na Accenture, patrocinadora do Cubo. “Estava lá no dia 1 do hub, apertando os parafusos”, disse ele.

Desde maio como CEO do hub, Costa expande a plataforma virtual do Cubo, com atendimento e operação ominicanal. “As conexões podem acontecer aqui, mas podem acontecer em qualquer lugar do planeta também.” O ambiente virtual emula os contatos que eram feitos no ambiente físico. As cerca de 30 grandes empresas mantenedoras do Cubo, como Dasa, São Martinho, Suzano, Saint-Gobain, TIM, Stellantis, Jaguar Land Rover, têm acesso a essa plataforma e por ali cpublicam os seus desafios de negócios e os problemas. Do outro lado está a camada de 400 startups. Nesse formato, é possível gerenciar mais projetos, com mais empresas ao mesmo tempo. Antes, a necessidade de encontros presenciais tinha como obstáculo o espaço físico adequado. “A gente se ajusta à dinâmica do comportamento das pessoas em relação ao ambiente de trabalho”, disse Paulo Costa. Mas, ainda assim, o prédio do Cubo é demandado. Um exemplo é a startup Digibee, de soluções para integrações de sistemas. Recentemente inaugurou um lounge no Cubo, sendo seu principal escritório no Brasil. Atualmente com 340 colaboradores, a Digibee começou no hub recebendo uma negativa no processo seletivo. Com o feedback, redirecionou o seu negócio e, após um tempo, entrou para a comunidade. No primeiro semestre desse ano, a empresa registrou um crescimento de 164% em receita anual recorrente, em comparação ao mesmo período do ano passado. Para 2022, a projeção é triplicar o faturamento e chegar a R$ 115 milhões.

Se as conexões estão em desenvolvimento, seja no ambiente virtual ou no físico, os eventos presenciais voltaram com tudo no hub. O Cubo Conecta 2022, maior evento do hub, com promoção de business, networking e talks, voltou a ser realizado depois de dois anos, no fim de setembro, em modelo híbrido – presencial e transmissão on-line gratuita. A edição teve como slogan “Se o cenário é [in]certo, o futuro é cheio de possibilidades! Conecte-se!” e contou com 1 mil pessoas na sede e 550 virtualmente. O Cubo mudou seu formato e já não é mais um quadrado em 3D.