17/12/2014 - 11:16
O português radicado em Campinas Armindo Dias já foi um dos grandes industriais do País. Foi dono da fábrica de biscoitos Companhia Campineira de Alimentos, empresa líder de mercado na década de 1990, com a marca Triunfo, vendida para a francesa Danone por US$ 350 milhões, em 1997. Ele investiu o dinheiro recebido em diversos empreendimentos, dentre eles um hotel e concessionárias de veículos no interior paulista. Agora, aos 82 anos, idade em que muitos empresários planejam a sucessão para pendurar as chuteiras, Dias quer mais.
O Grupo Arcel, empresa que congrega todos os negócios da família, fechou uma parceria com a Odebrecht Realizações Imobiliárias para a construção de um complexo com centro de convenções, hotéis, prédios comerciais e um pequeno shopping center. O projeto será construído no terreno ao lado do resort Royal Palm Plaza, em Campinas, que se tornou o principal negócio da família. “Descobrimos que hotelaria é um ramo muito interessante”, afirma o empresário. “Enquanto as pessoas descansam, nós trabalhamos duro.” Os planos para a sua rede de hotéis não param por aí.
A rede Royal Palm Hotels & Resort vai expandir seus horizontes para além de Campinas. Estão previstos mais dois resorts, um no litoral norte de São Paulo, em Bertioga, e outro em Araçariguama, a 50 quilômetros da capital. A estratégia inclui ainda hotéis para atender viajantes a negócios em Indaiatuba e Americana, ambas no interior paulista, que terão suas operações administradas pela empresa. O valor desses projetos somados é de R$ 855 milhões para os próximos cinco anos, dos quais parte virá de investidores e parte será feita pelo grupo familiar.
“Será um grande desafio”, afirma Dias. Porém, o que não falta para o empresário é disposição para os negócios. “Na minha cabeça funciona como se eu tivesse ainda 43 ou 44 anos”, diz. “Não se pode parar, porque parar é morrer.” Hoje a rede tem 600 quartos em seus hotéis, número que deve chegar a 2,3 mil suítes. Dias tem o hábito de visitar diariamente seus negócios. Todas as manhãs, ele visita suas concessionárias de veículos Fiat, Ford e Volkswagen – são 11 ao todo, distribuídas pela região de Campinas. À tarde é a vez de olhar seus hotéis.
“Gosto de vir aqui e conversar com as pessoas”, diz ele. “Não busco ser simpático, mas acredito que esse contato os incentiva a fazer um trabalho melhor, pois valorizo os profissionais.” Com a expansão da rede, que chegará a dez hotéis, ele pretende continuar mantendo esse hábito. O resort no litoral deve ser construído na Riviera de São Lourenço, no município de Bertioga, onde Dias costuma passar os finais de semana. “Nada que o helicóptero não resolva”, diz. A ideia é que o empreendimento seja construído no modelo Condo-Hotel, onde investidores pagam pelas unidades, têm o direito de uso ao longo do ano e ainda recebem pela ocupação do quarto por outros hóspedes.
Já o resort em Araçariguama se chamará Royal Palm Plaza Resort Ecoville. “Terá um conceito de hotel de serra”, diz Antonio Dias, filho de Armindo e diretor dos negócios de hotelaria. Para a professora de administração da Umesp e especialista em competitividade do turismo Viviane Celina Carmona, o investimento da Royal Palm se justifica pela demanda crescente de locais para eventos corporativos. “Eles já são consolidados nesse mercado e não estão conseguindo atender o número grande de convenções, feiras e encontros promovidos pelas companhias”, afirma. “Ampliar o leque de opções, com novos hotéis, permite fidelizar os clientes e ainda atrair novos.”
O complexo de convenções de Campinas abrigará mais dois hotéis da rede para atender tanto os convidados quanto os profissionais responsáveis pela realização dos eventos. O Valor Geral de Vendas (VGV) estimado é de R$ 400 milhões, somando as vendas do hotel, do espaço de eventos e das torres comerciais. A comercialização começou há duas semanas e está sendo feita pela Odebrecht. “Em conjunto com o Royal Palm Plaza, vamos desenvolver e implantar um projeto exclusivo que contribuirá com o desenvolvimento da cidade”, diz Cláudio Zafiro, diretor regional da Odebrecht.