No metrô, na rua, no ônibus, no shopping ou em qualquer ambiente, é difícil olhar para um smartphone na mão de alguém e identificar a marca ou o modelo. A diversidade cresceu e, o que era antes um espaço comandado por poucos players nos anos 1980, hoje é uma arena mundial para mais de 100 marcas e milhares de modelos. No Brasil, a tríade que comanda o mercado, segundo o Statista, são a sul-coreana Samsung (44,49% de participação), Motorola (21,58%) e Apple (13,65%). Nos últimos quatro anos, os 20,28% restantes do mercado estiveram extremamente movimentados e a turbulência tem motivo: os smartphones da China, que hoje representam aproximadamente 10,48 milhões de unidades no País.

XIAOMI O player principal responsável por esse crescimento exponencial no Brasil é a Xiaomi. A empresa chegou ao País pela primeira vez em 2015, em parceria com o Marketplace B2W, mas logo encerrou as atividades em 2016. Quando voltou, em 2019, veio para ficar. Em quatro anos foi de 1,89% para a marca de 12,32% da fatia do mercado de smartphones brasileiros, encostando nos 13,65% da Apple. Desde então, a companhia já abriu algumas lojas físicas e expandiu seu portfólio de modelos. Luciano Neto, head da operação no Brasil, disse que no início vieram apenas algumas referências de aparelho, mas isso foi expandindo. O maior volume de vendas vem do Redmi Note, uma linha que combina o intermediário com algumas funções dos flagships. Ele pode ser encontrado em valores de R$ 1.210 até R$ 2.000. “O custo benefício é muito bom”, disse Luciano Neto.
Segundo o executivo, são mais de 3 mil produtos no portfólio global, sendo que aproximadamente 400 estão ativos no Brasil. Contribuem para o ecossistema integrado da marca relógios inteligentes, robôs aspiradores, fritadeiras elétricas, fones de ouvido, entre outros. Além de vendas pela internet, a Xiaomi comercializa os smartphones nas suas lojas proprietárias, que já estão em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Bahia. Para o executivo, o consumidor brasileiro tem peculiaridades no seu comportamento nas lojas. “Há dois tipos de cliente: o entusiasta e o que procura preço.” Para ele, o brasileiro tem mais paciência para ouvir os benefícios e o speech do vendedor. “Isso é legal e esse é o principal ponto em que a gente atua.” Os produtos são 100% importados e não há previsão para começar a fabricar no Brasil.

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ASUS Em seguida na competição, quem tem mais mercado é a Asus (Taiwan), com 1,03% da fração brasileira. “Enxergamos um grande potencial de crescimento da marca no Brasil”, disse à DINHEIRO Manuel Castro, diretor camercial da Asus Brasil. Uma linha completa de smartphones compõem seu portfólio, que vai de R$ 876 até R$ 9.966 nos marketplaces virtuais, sendo também uma das líderes no segmento de dispositivos para gamers, com mais potência e funcionalidades específicas para esse público “O público-alvo depende do produto. Para o Zenfone, os amantes de fotografia e empreendedores; e para o potente ROG Phone, o alvo são os gamers.”

LENOVO & REALME Na terceira colocação no ranking vem a Lenovo, com 0,11%, cuja linha de celulares não é mais vendida no Brasil. A marca atua no segmento através da Motorola (comprada pela chinesa em 2014), que em 2021 tinha 21,58% da fatia do mercado.

Ano passado foi a vez da Realme chegar ao Brasil. A empresa anunciou um plano de crescimento a longo prazo, alocando mais recursos e priorizando outros 15 mercados emergentes, incluindo o Brasil. A companhia disse à DINHEIRO que “o objetivo é se tornar uma das principais marcas de smartphones do País”. Apenas no último trimestre de 2021, ela registrou 534% de crescimento no mercado latino-americano. O foco está na C Series, linha de entrada que obteve grande aceitação por parte do público brasileiro.

PONTO DE ENCONTRO Lojas físicas são o ponto de encontro com as marcas e o meio para aumentar as presenças nos grandes centros. A Xiaomi tem lojas em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Bahia.

OUTROS PLAYERS Outros concorrentes buscam espaços longe da ponta, mas significativos pelo tamanho do mercado nacional. Bandeiras como Oppo, Vivo, Tecno. Destas, Oppo e Vivo têm respectivamente 10% e 9% da participação no mercado global e vêm ao Brasil com a expectativa de crescimento relevante, como o da Xiaomi. A Oppo inaugurou na segunda-feira (19) sua primeira loja no País, em São Paulo, e não descarta a ideia de iniciar a produção dos aparelhos localmente. O CEO da empresa no Brasil, Jim Zhang, disse à DINHEIRO que a empresa notou uma movimentação em que as pessoas compravam smartphones da marca por meio de marketplaces internacionais. “Isso foi um fator muito importante para nós”, afirmou Zhang. A companhia deve lançar outros três modelos até o fim do ano.

PARA TODOS? O que é um cenário animador para algumas, para outras, nem tanto. A gigante Huawei teve passagens pelo País com dificuldades em emplacar seu portfólio e trazendo cada vez menos modelos para comercialização localmente, mantendo apenas outros SKUs, como tablets e relógios. Uma estratégia que parece passar longe de seus conterrâneos.

Os entraves jurídicos de Apple e Samsung

Apple e Samsung têm passado por perrengues com a justiça. As manobras das fabricantes de retirar o carregador do pacote inicial de acessórios dos smartphones, dizendo que já tinham muitos disponíveis e que estavam poluindo o meio ambiente, não desceu bem. As entidades de defesa dos consumidores também não gostaram da ideia e no Brasil algumas das marcas foram obrigadas pelo Senacon a enviar o acessório para os clientes, após a compra.

A União Europeia também deu um passo à frente e chegou a um consenso em junho de que vai obrigar a Apple a utilizar a entrada tipo C em seus carregadores e celulares, a mesma dos dispositivos com sistema operacional Android. Mas a companhia americana não deve atender os pedidos das instituições e possivelmente vai remover a entrada de carregador e tornar os iPhones utilizáveis apenas com carregamento sem fio, algo especulado pelo mercado há algum tempo.

Mesmo com a crise econômica mundial e dos semicondutores, Apple e Samsung não tiveram anos ruins. A Apple está com fila de espera de até seis semanas para seu novo aparelho, o iPhone 14, e teve um faturamento no terceiro trimestre de 2022 de US$ 83 bilhões, 2% maior que no ano passado. A Samsung faturou US$ 21 bilhões somente com sua divisão de negócios mobile, focada em smartphones, tablets, smartwatches e outros.