05/11/2021 - 14:00
Mark Zuckerberg brinca no vídeo em que explica seu novo mundo, o Metaverso: “Se você perguntar às pessoas o que é isso, hoje elas vão dizer que é um filme do Homem-Aranha”. Bem, é. E vamos fingir que o oitavo maior bilionário do mundo (segundo a Forbes, com patrimônio de US$ 118,7 bilhões) não pensou no atual personagem da Marvel atualmente no Metaverso ao bolar seu, ainda por nascer, novo mundo virtual, ancorado numa mudança de nome institucional de Facebook para Meta. Ao longo de 117 minutos de um dos vídeos mais bem produzidos do mundo tech, não só o criador do Facebook, mas seus entusiasmados funcionários esmiuçaram um plano para o que pretendem ser a nova versão da internet. Você pode não vir a usá-la, mas seus filhos certamente vão… se der certo. O Metaverso é uma versão do mundo que vivemos em que, com um óculos de realidade virtual ou aumentada, você se vê em um cenário criado no computador, com pessoas que podem estar em qualquer lugar do planeta, seja para uma reunião social ou de trabalho, jogar games com amigos ou assistir a um show juntos. “Serão novas camadas ao mundo que nós já interagimos”, disse Zuckerberg, que investirá US$ 150 milhões só em treinamento da próxima geração de criadores em immersive learning. Em realidade virtual e aumentada, que é a base de tudo, serão US$ 10 bilhões.
Em meio a tudo isso, o empresário e programador de 37 anos pode ser engolido pela realidade do Facebook Papers, uma coletânea de documentos vazados pela ex-funcionária Frances Haugen. Atualmente analisados por um consórcio na imprensa americana, eles indicam que o Facebook não retirou postagens de ódio, e as usou para lucrar mais. Ainda assim, é uma das marcas mais valorizadas do mundo: US$ 900 bilhões.

Não havia mais para onde expandir no mundo em frente a uma tela de computador, de um celular, e Zuckerberg percebeu. É uma versão hype do Second Life, ambiente virtual lançado em 2003 com a mesma premissa do Metaverso, com vida social, interação, comércio, visual acima da realidade, mas sem os óculos imersivos — e que, apesar de ainda existir, só abriga nostálgicos e desgarrados. Vale lembrar: o mundo Meta ainda não existe. Zuckerberg acredita que em cinco ou dez anos isso vai virar mainstream. Ele deu o primeiro passo para isso com a ferramenta aberta a novos criadores, chamada Horizon, com ambientes criados em versão Beta e esperando que se expanda para um marketplace no futuro. A Meta vai investir em criadores, mas eles terão de usar as ferramentas da empresa por causa da “interoperacionalidade” — uma vantagem tremenda para a companhia. Sua ferramenta de criação de realidade aumentada, a Spark AR, já tem 600 mil criadores atrelados.
Zuckerberg jura que o Metaverso não é algo para se passar mais tempo em frente a uma tela, e sim passar esse mesmo tempo de uma forma melhor. Nesse mundo você poderia atuar como sua própria figura, com bonecos hiper-realistas que imitariam suas expressões faciais e seus trejeitos, em tempo real, ou como avatares em desenho animado, mais divertidos. Que tal gastar dinheiro com roupas pra colocar em seu avatar nesse mundo? Prepare suas criptomoedas — e a suspensão da descrença de que você não está desperdiçando dinheiro da forma mais incrível possível. Apesar do ceticismo, o próprio mundo dos games já está na realidade virtual há muito tempo, então pode ser uma antevisão muito boa para se investir dinheiro.
É no trabalho que a Meta acredita ter chances de emplacar. O híbrido pessoa presencial e pessoa remota não funcionaria, segundo Zuckerberg, no modelo tela de reunião com grid e carinhas. Agora fazendo todos irem para o Metaverso, ao redor de uma mesa, olho no olho (numas), em uma sala de reunião linda virtual, tudo se ajustaria. E sim, enquanto isso você passou oito horas com óculos imersivos. A Meta já têm parcerias com a Kodak e Ray-Ban para produzirem acessórios de realidade aumentada e virtual, além do já existente headset Oculus Quest 2. “Pode ser algo positivo para nossa economia e sociedade. Esse é o trabalho com que eu mais me entusiasmei nos últimos tempos”, afirmou.