07/03/2014 - 21:00
Em 1995, Kevin Plank cursava administração na Universidade Maryland, nos Estados Unidos, e se destacava como jogador do time de futebol americano. Todos os dias, após os treinos, ele se perguntava se não havia nada melhor do que as tradicionais camisetas de algodão para ser usado por baixo do uniforme. O suor encharcava a peça usada sobre a pele e abaixo de toda a armadura típica do esporte, prejudicando seu desempenho. A questão que martelava todos os dias a cabeça do atleta e universitário foi o embrião para transformar o jovem Plank em um empresário de sucesso.
Capitão brasileiro: Marcelo Ferreira, ex-presidente da Adidas,
está à frente do time da Under Armour no Brasil
Dezoito anos após fundar a Under Armour, que começou a funcionar no porão da casa de sua avó, em 1996, logo após ele pegar o diploma, a empresa desponta como uma potência. Em 2013, suas vendas globais somaram US$ 2,3 bilhões com a comercialização de roupas de performance para esportes como corrida, basquete, futebol e até esqui na neve. Para continuar crescendo, Plank escolheu o Brasil, onde a Under Armour começa a operar oficialmente na segunda-feira 10. “Vamos ser uma das marcas líderes em várias categorias desse mercado em cinco anos”, disse Plank à DINHEIRO. O time brasileiro escalado pelo empresário inclui 24 executivos com experiência nas grandes concorrentes do setor.
A começar por Marcelo Ferreira, o presidente da subsidiária. Após 10 anos no comando da Adidas no Brasil e 20 no mercado de produtos esportivos, ele recebeu a missão de transformar a Under Armour em uma marca de prestígio no varejo brasileiro. “O crescimento forte da companhia, a inovação e a figura do Kevin Plank me motivaram a aceitar o convite”, afirmou Ferreira. O esquema de jogo privilegia a distribuição das peças nas grandes redes de varejo esportivo, como Netshoes, Centauro e A Esportiva. A abertura de lojas próprias não está descartada. Hoje, a Under Armour conta com 122 lojas nos EUA, quatro na China e uma no Canadá.
Kevin Plank, CEO global: “Estamos sempre avaliando parcerias. Isso inclui atletas e clubes brasileiros”
“É um plano para o segundo semestre”, diz Ferreira. Em um primeiro momento, a linha de produtos será focada em roupas para corrida e ginástica, que servem tanto para atletas profissionais quanto para frequentadores ocasionais de academias e pistas de corrida. Entre os nomes de esportistas famosos que são patrocinados pela marca estão o ultramaratonista Chris McComarck, o nadador Michael Phelps e o jogador de futebol americano Tom Brady, mais conhecido por aqui como marido da supermodelo Gisele Bündchen. No Brasil, o time de basquete do Clube Pinheiros, de São Paulo, foi o primeiro a vestir uniformes da marca.
Mas na pátria de chuteiras, Plank e Ferreira sabem que o que conta mesmo é o bom e velho esporte bretão. “O futebol é um segmento próspero e uma prioridade para a marca no mundo”, diz Plank. “Sabemos e temos respeito pela paixão brasileira por esse esporte.” Em todos os países nos quais a companhia desembarca, investir em futebol tem sido quase uma regra. Hoje, eles já vestem os jogadores do Tottenham, da Inglaterra, além do Toluca e do Cruz Azul, do México. O mais recente a aderir à seleção da Under Armour foi o Colo Colo, do Chile, que assinou contrato em janeiro.
Para o diretor da consultoria ESM, Eduardo Generoso, a marca chega como uma concorrente à altura para Nike e Adidas. “Eles entram como terceira opção para os clubes”, afirma. “No Brasil, futebol é vitrine para quem quer crescer nesse segmento”, afirma Generoso. Mas para que tudo dê certo, será preciso combinar também com a alemã Puma e as brasileiras Topper e Lupo. Os alemães, aliás, assinaram, na quinta-feira, contrato com o Atlético Mineiro, time campeão da última Libertadores da América. “Estamos sempre avaliando oportunidades para parcerias, isso inclui atletas e clubes brasileiros”, diz o ousado e, por que não dizer, obstinado Plank.