25/01/2012 - 21:00
Durante muitos anos, a Usiminas, cuja receita líquida anual é de R$ 13 bilhões, figurou como uma espécie de joia da coroa do setor siderúrgico brasileiro. Tanto isso é verdade que coube a ela puxar a fila das privatizações iniciadas no governo Collor. Sua venda, em outubro de 1991, rendeu US$ 1,65 bilhão. Desde então, a empresa vem passando por altos e baixos. Ao contrário de suas rivais, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Gerdau, a Usiminas se contentou apenas com o mercado doméstico. Nem investiu na autossuficiência de minério de ferro, a principal matéria-prima do setor, como fizeram seus concorrentes. Resultado: perdeu importância relativa no mercado (leia o quadro abaixo).
Julián Eguren, presidente da Usiminas: ”vamos trabalhar em equipe na melhoria da
eficiência operacional”
Na terça-feira 17, a companhia recrutou um verdadeiro homem de ferro para mudar esse quadro: o argentino Julián Eguren. Ele assumiu a empresa em substituição a Wilson Brumer, que ficou quase dois anos no cargo. A passagem do bastão marca também uma nova guinada na trajetória da Usiminas, que agora é controlada pelo grupo ítalo-argentino Techint em parceria com a japonesa Nippon Steel. Elas detêm 27,66% e 29,44% das ações, respectivamente. O novo chefão da Usiminas tem 48 anos e nos últimos 25 deu expediente em várias unidades do grupo Techint. Desde 2008, comandava a subsidiária mexicana da siderúrgica Ternium.
“Vamos trabalhar em equipe na melhoria da eficiência operacional, das oportunidades de mercado e da competitividade”, disse Eguren, em comunicado. O presidente da Usiminas surpreende pelo porte atlético, conseguido por meio de muito treinamento. Adepto de corridas de longa distância, como maratona, ele também se especializou em triatlo, prova de resistência que reúne natação, ciclismo e corrida. No Ironman de Galveston, no Texas (EUA), realizado em abril de 2011, o executivo e esportista fez bonito ao fechar a prova em 5h36min20s, 22 minutos abaixo da média dos participantes de sua idade. À frente da Usiminas, Eguren terá de ditar um ritmo forte.
Isso porque o futuro da empresa depende do que será feito até 2015. O cenário no mercado mundial é adverso. A venda de produtos siderúrgicos deve se manter em alta, mas em um patamar abaixo de 2011. Vai crescer 5% ante os 6,4% verificados no ano passado, de acordo com a Tendências Consultoria. Além disso, os aços planos, especialidade da Usiminas, devem apresentar queda de 7,9% por causa da continuidade das importações. Por sua vez, as vendas de aço não plano, como vergalhão, o carro-chefe da Gerdau, podem crescer 7,1%. “O avanço das obras de infraestrutura, especialmente na construção civil, deverá impulsionar esse nicho”, diz Stefânia Grezzana, economista da Tendências Consultoria.
Um fato, porém, pode facilitar o trabalho de Eguren. É que pela primeira vez desde sua fundação, em 1956, todos os controladores da Usiminas entendem do riscado. Em novembro de 2011, a Techint desembolsou R$ 5 bilhões para assumir as fatias de Camargo Corrêa e da Votorantin. Mas o que levou o grupo ítalo-argentino a pagar tão caro pela empresa? “A Usiminas possui projetos na área de mineração que podem garantir a autossuficiência da Techint”, afirma Leonardo Zanfelício, analista da Concórdia Corretora. Para essa área, a Usiminas reservou R$ 4 bilhões. A meta é elevar a produção anual das atuais oito milhões de toneladas de minério para 29 milhões de toneladas até 2015.
Wilson Brumer pacificou a usiminas e passou o comando para Eguren,
indicado pelo novo sócio, o grupo Techint.