O mercado de trabalho desvaloriza um aspecto fundamental da condição humana: a maternidade. Pesquisadores estão descobrindo que uma das principais razões para a diferença salarial entre homens e mulheres está no fato de as mulheres engravidarem. Isso acontece até em países desenvolvidos, com políticas avançadas de igualdade de gênero, como a Dinamarca.

Um estudo realizado pelo economista Henrik Kleven, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, aponta que as mulheres dinamarquesas têm um forte declínio salarial a partir do momento do nascimento do primeiro rebento, que culmina numa diferença de rendimentos de 20%, em média. O mesmo efeito não acontece com os homens. A conclusão é a de que a maternidade é responsável por 80% do hiato salarial entre homens e mulheres, naquele país.

Outro estudo, feito pela economista Claudia Goldin, da Universidade Harvard, aponta que a diferença de rendimentos é maior quando passam dos 30 anos, justamente na faixa etária em que as mulheres mais engravidam. Ambas as pesquisas foram divulgadas pelo site americano Vox. Segundo Kleven, praticamente todas as variáveis que explicam a desigualdade de gênero estão se modificando em favor do lado feminino. “A única que se mantém constante é o efeito da maternidade”, disse Kleven ao Vox.

Para Ignacio Socias, diretor da International Federation for Family Development (IFFD), entidade ligada à ONU que promove o bem estar familiar, esse problema prejudica não só as mulheres, mas também o desenvolvimento da sociedade. “Uma sociedade com famílias fortes é mais produtiva”, diz Socias. “As corporações precisam criar condições para que a família cumpra o seu papel e isso passa por conciliar a vida doméstica e a profissional.”

(Nota publicada na Edição 1058 da Revista Dinheiro)