Há pessoas que passam pela vida sonhando com fama, mas terminam no anonimato. Outras, sem muito esforço, mostram talento nato para a liderança e atraem multidões. É o caso do empresário carioca Flávio Augusto da Silva. Na segunda-feira 28, uma palestra ministrada por ele em São Paulo levou ao Teatro Bradesco, localizado no Shopping Bourbon, na zona oeste de São Paulo, nada menos que 1,5 mil fãs ensandecidos, que queriam tocá-lo, pedir sugestões e apresentar-lhe ideias mirabolantes de novos negócios para investir. Detalhe: os ingressos para sua apresentação esgotaram-se em apenas 15 minutos – desempenho digno de um popstar.

Nas redes sociais, Silva conta com mais de dois milhões de seguidores em sua página do projeto Geração de Valor. No YouTube, são nove milhões de visualizações de seus vídeos. Aos 42 anos, ele se tornou um guru do empreendedorismo. Seu maior feito na carreira foi criar o Grupo Ometz, que reunia as escolas de idiomas Wise Up, You Move e Go Getter, fundado por ele em 1995 e vendido por R$ 877 milhões no ano passado. Mas é sua história de vida que mais chama a atenção. Criado no Jabour, um bairro de classe média baixa no subúrbio do Rio de Janeiro, Silva saiu do nada para criar uma das maiores redes de ensino do País.

Tinha apenas 23 anos quando decidiu se tornar um empreendedor. Mesmo montado na dinheirama da venda da Wise Up, ele não quer parar. Tem realizado uma série de apostas no mundo dos negócios, que vão desde um time de futebol até sites de conteúdo e cursos de motivação. Ao todo, Silva mantém sete projetos em andamento. Nada mal para alguém que pretendia tirar um ano sabático após a venda de sua empresa. “Eu não parei e não consigo parar.” Sua primeira grande tacada após vender a empresa se deu no ramo esportivo. Em abril do ano passado, Silva comprou por US$ 110 milhões 85% do time de futebol Orlando City, do Estado da Flórida, que disputa ligas menores e vai participar da Major League Soccer 2015, primeira divisão do esporte nos Estados Unidos.

Para isso, ele vai construir um estádio, ainda neste ano, através de uma parceria público-privada. Silva, no entanto, diz não encarar o futebol apenas como uma paixão, mas sim como um negócio promissor. “O futebol cresce muito nos Estados Unidos, onde o maior mercado do mundo se une com o maior esporte do mundo”, afirma. “Os americanos são os maiores compradores de ingressos para a Copa do Mundo no Brasil.” Mas ter um time de futebol não era suficiente para suas ambições. Outra área que o atrai é a internet. Ele está investindo na criação de sites e portais. Seu primeiro investimento foi o site Administradores.com, que divulga conteúdo nas áreas de gestão de negócios.

Com dez anos no mercado, conta com quatro milhões de visitas por mês. Outro projeto nessa área é o MeuSucesso.com, que deve funcionar como um portal fechado para assinantes, com cursos e uma espécie de rede social para empreendedores. O site também se propõe a atuar como um canal de financiamento de novas ideias, o que tornará, indiretamente, novos empreendedores sócios do empresário. “Ninguém oferece isso no Brasil”, afirma Silva. Desde que se tornou um guru do empreendedorismo, Silva, que atualmente reside no Estoril, em Portugal, acostumou-se a ser abordado o tempo todo por pessoas interessadas em apresentar projetos e ideias de negócios.

“Não consigo ver tudo, mas estou sempre de olho”, diz. Entre essas oportunidades estão duas que devem começar a funcionar ainda este ano. A primeira é a Mova+, um site que irá oferecer milhas para quem fizer exercícios físicos. O negócio está em fase de teste e tem como sócio Marco Gomes, empreendedor na área de publicidade digital. A outra é a Heartz, um startup que deve sair do papel a partir da metade do ano e trabalhará na área de coaching em alimentação e fitness. Entre todos os projetos, o que mais tem empolgado Silva é o instituto sem fins lucrativos Geração de Valor.

Há três anos nas redes sociais, o evento da última segunda-feira conseguiu dar a dimensão do trabalho, que tem consumido diariamente duas horas da lotada agenda do empreendedor. Ao entrar no palco, Silva foi ovacionado por sua legião de seguidores, que vieram de todo o País ouvir suas profecias e palavras de incentivo. “Eu ainda estou tentando entender o que aconteceu aqui”, afirmou após encerrar sua apresentação. Com R$ 1 milhão investido para manter o canal do grupo, Silva quer deixar claro que não faz esse trabalho para se promover, simplesmente. “É um sentimento de causa, de que posso contribuir”, diz. Se a causa é nobre? Há dois milhões de seguidores que acreditam que sim.