Ninguém perdeu mais dinheiro no mundo dos negócios do que o empresário japonês Masayoshi Son. Nem mesmo o brasileiro Eike Batista, que chegou a ser o sétimo homem mais rico do mundo, com uma fortuna de US$ 30 bilhões, e hoje conta um patrimônio negativo estimado em US$ 1 bilhão. No começo dos anos 2000, o Softbank, o grupo de Son, com interesses em telefonia, internet e no setor financeiro, entre outros, foi avaliado em US$ 200 bilhões. Com o estouro da bolha de internet, suas ações desvalorizaram 98%, fazendo sua fortuna pessoal reduzir-se em US$ 70 bilhões. “Por três dias, fui mais rico que o Bill Gates”, disse ele, com um sorriso no rosto, em entrevista à Bloomberg, em março de 2013.

“Até tentei contar para as pessoas, mas foi tão rápido que não tive tempo.” No entanto, ao contrário de Batista ( pelo menos até agora), o japonês Son conseguiu se reerguer e voltou a ser o homem mais rico do Japão, com uma fortuna estimada em US$ 17,4 bilhões, graças a seu faro para investimentos de risco. Entre todos, nenhum deve ser tão lucrativo quanto o que ele fez no chinês Alibaba. Em 2000, Son investiu US$ 20 milhões na vitrine virtual, que estava crescendo exponencialmente, mas que à época exibia números discretos. Ele acreditou na garra de Jack Ma, o professor chinês de inglês, líder do Alibaba.

Hoje, o Softbank é o maior investidor do empresa de Ma, com uma fatia de 34,4%, seguido do Yahoo!, que detém 24%, e do fundador, com 8,9%. Quinze anos depois, os 20 milhões podem se multiplicar por 3,4 mil vezes, caso o Alibaba seja avaliado em US$ 200 bilhões em sua abertura de capital nos Estados Unidos neste ano. O patrimônio de Son, que continua como principal acionista do Softbank, com 22,6% do capital, pode aumentar em US$ 15,5 bilhões, o que o colocaria entre os dez homens mais ricos do mundo. Em um cenário conservador, no qual o gigante do comércio eletrônico chinês seja avaliado em US$ 100 bilhões, o que muitos analistas do mercado consideram improvável ( a maioria das previsões converge para US$ 170 bilhões), seu patrimônio cresceria quase US$ 8 bilhões.

Son construiu sua fortuna com um apetite para risco tão grande quanto o do fundador finado Mundo X. Ninguém representa melhor do que ele a frase do advogado Ron LaFlamme, personagem vivido pelo ator Ben Feldman na série da HBO Silicon Valley, que conta a história de uma startup de tecnologia do Vale do Silício, nos Estados Unidos, que tenta encontrar seu lugar ao sol. “Aqui, os investidores colocam suas apostas em várias empresas, mas só algumas delas realmente chegam até o final”. O Softbank, como agora se sabe, é uma daquelas que sobreviveram ao estouro da bolha da internet, graças à paciência oriental de Son.

Com suas ações do SoftBank em baixa, ele manteve sua fleuma e esperou. O empresário japonês tinha fé nas empresas em que investira e sabia que o número de usuários na internet continuaria a crescer e, consequentemente, o faturamento de suas apostas online. “No geral, o Softbank teve um portfólio muito bom de investimentos”, diz o investidor-anjo brasileiro e fundador da incubadora Aceleradora, Yuri Gitahi. “A experiência acumulada por ele o torna em um dos maiores investidores globais do setor digital.” Son reconstruiu sua fortuna aos poucos.

Bilhão por bilhão de dólares, ele foi voltando à cena. Em 2007, em conversa informal com Steve Jobs, por exemplo, conquistou para sua operadora de celular a oportunidade de ser a única com permissão para vender iPhones no Japão. Privilégio que durou dois anos. Em 2012, comprou o controle da empresa de telefonia americana Sprint por US$ 22 bilhões e entrou no mercado americano para fazer frente a gigantes como AT&T e Verizon. “Pensaram que não, mas eu tive sorte com meus investimentos”, brincou Son, na entrevista à Bloomberg . “Precisamos de sorte de vez em quando.” E de paciência, muita paciência. Oriental, de preferência.