Por pouco mais de duas semanas, 20 mil atletas e treinadores se hospedarão nos 31 prédios e 3.604 apartamentos da Vila dos Atletas, durante a realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. As vilas olímpicas, tradicionalmente,  são um local de concentração, mas também de descontração, tietagem dos atletas mais consagrados e também de muita pegação. No projeto construído no Rio, provavelmente não deverá ser diferente. Outra tradição também deve ser respeitada. O destino das vilas costuma ser a valorização de áreas menos centrais das cidades que recebem os Jogos. Foi o que aconteceu com a revitalização da região Leste de Londres, em 2012, e com uma área à beira-mar no Leste de Barcelona, em 1992. Nesse sentido, a carioca Vila dos Atletas abre um novo terreno para desenvolvimento imobiliário na Zona Oeste da Cidade Maravilhosa, expandindo o espaço de investimentos para a já valorizada Barra da Tijuca. “Esta é uma das vilas mais bonitas que eu vi”, disse Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, durante a cerimônia de entrega da obra, na quarta-feira 15.

A responsabilidade pelo projeto, que custou estimados R$ 2,9 bilhões, é da Odebrecht e da Carvalho Hosken, empresa fundada em 1951 e administrada até hoje por Carlos Fernando Carvalho. O empresário, de 91 anos, é conhecido como o Dono da Barra. Foi ele um dos pioneiros em desenvolver o potencial da região, ainda nos anos 1970, depois de amealhar uma imensa quantidade de terrenos na região. Entre as décadas de 1950 e 1960, ele adquiriu 10 milhões de metros quadrados no local, uma área maior que as dos bairros de Copacabana e Botafogo juntos. Isso garantiu a Carvalho entrar na lista de bilionários da Bloomberg, com uma fortuna avaliada em US$ 4,2 bilhões. Depois da Olimpíada, a Vila dos Atletas vai passar a fazer parte de bairro planejado chamado Ilha Pura – do qual ela deve representar um terço do espaço –, e seus apartamentos terão donos de menor condicionamento físico.

A Carvalho Hosken e a Odebrecht colocaram à venda, no fim de 2014, os primeiros 600 apartamentos, e negociaram 40% dessas unidades. Ainda é uma participação pequena de todo o projeto, totalizando 6% do disponível. A comercialização foi feita por valores que atingem os R$ 10 mil por metro quadrado. A crise econômica dificulta as vendas, mas os responsáveis pelo empreendimento minimizam os problemas. “O resultado corresponde ao planejamento de longo prazo feito para a comercialização de um empreendimento deste porte”, diz Mauricio Cruz Lopes, diretor-geral da Ilha Pura. “Após os Jogos, uma nova campanha de marketing será realizada para as outras unidades.” O valor geral de vendas do empreendimento é de R$ 4,5 bilhões. “A única vantagem que ganhei é a certeza que a Vila será um negócio muito lucrativo”, disse Carvalho em entrevista ao jornal britânico The Guardian.