Na quinta-feira, 26, foi assinado no Palácio do Planalto o contrato de concessão de Belo Monte, o maior projeto hidrelétrico do País. A sociedade tem 18 sócios, entre empreiteiras, estatais e fundos de pensão. Juntos, formam a Norte Energia, que vai contratar onze empreiteiras para tocar a obra, estimada em R$ 14,5 bilhões. A maior parte da bolada foi dividida entre Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Corrêa, que terão metade da encomenda. A outra metade ficou com oito empresas menores. 

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José Carlos Bumlai: Ex-diretor da Constran, de Olacyr de Moraes, ele hoje é ligado à construtora do grupo Bertin

 

A surpresa, neste grupo, é a presença da Contern, construtora do grupo Bertin, que terá 10% da obra, um contrato de R$ 1,45 bilhão, que vai mais do que dobrar as encomendas da empresa. 

 

A escolha surpreendeu muita gente, já que a Contern nunca atuou na construção de hidrelétricas e tem apenas 1,25% na Norte Energia.Mas não surpreendeu quem sabe das ligações do grupo Bertin com o empresário do agronegócio José Carlos Bumlai, amigo do presidente Lula.

 

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Bumlai nega participação na empresa ou qualquer influência no negócio. “Não tenho nada com isso. Minha parceria com a Bertin é em energia”, disse à DINHEIRO. Depois de ter trabalhado 30 anos na Constran, de Olacyr de Moraes, ele se tornou pecuarista e é amigo de Lula desde 2002. Chegou até a ceder sua fazenda para que o então candidato gravasse programas eleitorais sobre o agronegócio.

 

Foi também Bumlai quem levou ao presidente o projeto que limita a compra de terras por estrangeiros – medida tomada há duas semanas. Com trânsito livre no Palácio do Planalto, Bumlai chegou a ser barrado na portaria no ano passado. 

 

O gabinete do presidente enviou à recepção um cartão com foto do fazendeiro e instruções para que ele tivesse a entrada imediatamente liberada. Bumlai também nega oficialmente, mas já se movimenta para ajudar o amigo a viabilizar seus planos pós-presidência. 

 

Ele deve ajudar na organização da montagem do instituto que Lula quer criar, ainda de formato indefinido. “Ainda é muito cedo”, desconversa. “Ele não tem tempo de pensar nisso.”