Poucas pessoas conseguem ter acesso ao centro de estilo da Mitsubishi do Brasil, situado na sede da montadora, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. Trata-se, sem dúvida, do espaço mais reservado da empresa. Lá dentro, só entra quem for convidado pelo empresário Eduardo Souza Ramos, dono da MMC Automotores, que licencia a marca  no País, desde 1990. Mesmo assim, o visitante precisa deixar as digitais registradas no sistema de segurança. Tanto sigilo tem um motivo. Nesse verdadeiro cofre do conhecimento estão guardados alguns dos mais valiosos projetos e produtos da empresa, como o raríssimo Lancer 1973. Quase 30 anos depois de seu lançamento, é com os modelos da família Lancer que a Mitsubishi espera acelerar no concorrido segmento de sedãs médios no Brasil. Hoje, essa área é dominada pelos compatriotas Corolla, da Toyota, com uma fatia de 26,1% das vendas, e pelo Civic, da Honda, com 13,7%. “Nosso diferencial é o DNA esportivo do Lancer”, diz Robert Rittscher, presidente da Mitsubishi Motors do Brasil.

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Rittscher, da Mitsubishi: “Nosso diferencial é o DNA esportivo do Lancer”

Reconhecida no mercado pelos SUVs, como L200 Outdoor, L200 Triton, Pajero TR4 e Pajeto Dakar, a aposta da Mitsubishi para ganhar uma fatia do Corolla e do Civic são o Lancer Sedã e o Lancer Sport Back. Por se tratar de um mercado praticamente novo para a marca no Brasil, a montadora teve de fazer uma minirrevolução interna. Os vendedores estão sendo treinados para lidar com um cliente de perfil mais conservador, que tem idade média mais avançada – acima dos 60 anos – e espírito menos aventureiro, quando comparado ao público cativo da montadora. “Os consumidores de sedãs são mais racionais”, diz Rittscher. “Por isso temos de oferecer um pacote de acessórios e serviços que passe segurança a eles.” A rede de concessionárias será também ampliada em 15 unidades, passando para 175 pontos de venda até o final do ano. 

A estratégia traçada por Rittscher foi dividida em duas etapas. A primeira consiste em abastecer o mercado mediante a importação dos modelos produzidos na fábrica do Japão. Por conta disso, a expectativa é de vender 550 unidades mensais das duas versões a partir de novembro. Para se posicionar entre as cinco principais marcas do nicho de sedãs médios, a Mitsubishi pretende produzir essa nova família em sua fábrica, situada em Catalão (GO), a partir de meados de 2014. Com isso, a montadora ganhará flexibilidade na logística, podendo atuar com um preço mais agressivo, já que os veículos trazidos de fora são taxados em até 65% no Imposto de Importação. “Vamos tentar convencer os japoneses a nos deixar antecipar o cronograma”, afirma o executivo.

 

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Não tem cara de tiozão: a empresa espera vender 550 unidades por mês das duas versões do Lancer, que será produzido no Brasil, a partir de 2014

 

O lançamento da linha Lancer faz parte do plano de investimentos de R$ 1 bilhão que a marca anunciou em abril deste ano e se estenderá até 2015. Nessa bolada, além da família Lancer, está prevista a ampliação da unidade de Catalão, a construção de uma nova fábrica de motores e o início do processo de nacionalização de alguns modelos que já fazem parte da linha da Mitsubishi. O próximo nessa lista é o crossover ASX, um carro de passeio com jeitão de SUV, lançado em novembro do ano passado. Para aproximar os consumidores do modelo Lancer, a equipe comandada por Rittscher  também apostará fortemente na experimentação. Até o final do ano, será inaugurado um autódromo em Mogi-Guaçu, município da região metropolitana de Campinas. Homologado pela Federação Internacional de Automobilismo, o autódromo custou R$ 20 milhões e dispõe de uma pista de 3,4 km de extensão.

 

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