06/04/2023 - 1:30
A 1628 metros sobre o nível do mar, Campos do Jordão (SP), na Serra da Mantiqueira, é a cidade de maior altitude do Brasil e um dos destinos favoritos dos turistas durante os meses de inverno. Para os mais exigentes, porém, a alta temporada costuma ser acompanhada de certos inconvenientes: avenidas congestionadas, restaurantes lotados e atrações tão concorridas que acabam frustrando qualquer ideia de lazer e descanso. Por isso muita gente prefere subir a montanha antes que as temperaturas caiam perto de zero, aproveitando o clima ameno do outono para curtir com tranquilidade o que de melhor a estância oferece: hospedagem requintada, boa gastronomia e as cervejas artesanais que se tornaram onipresente na região. Para convencer potenciais visitantes de que essa combinação de atrativos pode ser aproveitada antes das férias de julho, alguns empresários se uniram em uma iniciativa que promove o lado mais sofisticado de Campos do Jordão.
A ideia se baseia em dados da Associação Brasileira de Viagens de Luxo (BLTA, na sigla em inglês), que elaborou uma pesquisa em parceria com o Senac-SP para aferir os números da retomada pós-pandemia. Segundo o levantamento da entidade, esse mercado faturou R$ 1,8 bilhão no ano passado, número 50% superior ao registrado em 2019. Para o sócio proprietário do tradicional Hotel Toriba, Aref Farkouh, Campos é um destino que atende a todos os requisitos de sofisticação. Por isso, a tendência de atrair mais hóspedes de alto poder aquisitivo vem se confirmando a cada fim de semana. “Conseguimos enxergar com muita nitidez esse aquecimento do mercado de luxo, não só pelo crescimento da procura do nosso hotel, mas também pelo perfil do nosso cliente”, afirmou o empresário que este ano celebra os 80 anos de inauguração do Toriba.
“A busca por experiências exclusivas em hospedagem, gastronomia e entretenimento tem sido constante e as pessoas estão dispostas a pagar por isso”, disse Farkouh, que possui participações em outros empreendimentos voltados para o público AAA e está investindo em um novo complexo gastronômico próximo ao hotel. “Também estamos nos adaptando às necessidades e desejos desses clientes, instalando abastecimento de veículos elétricos, charutaria, cavalos de raça, beach tênis e spa de luxo.” No caso do Toriba, onde a hospedagem para casal não sai por menos de R$ 4 mil por um fim de semana (podendo ultrapassar R$ 12,7 mil dependendo da acomodação), o spa é da grife francesa L’Occitane. Com duração de cinco horas e direito a ritual de boas vindas, sauna, banho de imersão, massagens corporal e facial, reflexologia e almoço, o Spa Day do Toriba custa de R$ 1.244 (individual) a R$ 2.169 (casal).
TRUFAS Com o nome do bairro no qual está instalada, a Pousada Alto da Boa Vista oferece diversas opções de hospedagem em chalés que foram sendo construídos ao longo dos anos a partir de uma casa de temporada do proprietário, Bernard Júnior, mais conhecido como BJ. A última expansão incluiu uma piscina climatizada, sauna, espaço para pilates e sala de massagem. Mas o maior atrativo é a gastronomia servida no restaurante Pontremoli — nome de uma cidade da Toscana. Decorado como um bistrô, com mesas altas à luz de velas e sofás aquecidos por uma lareira, mantas e peles de animais, o local surpreende pela excelência na preparação dos pratos, elaborados com ingredientes de qualidade superior. “Eu compro as trufas do melhor produtor da Itália”, disse BJ. Ele costuma convidar chefs italianos para prepararem pratos autorias no Pontremoli e também cria suas próprias receitas — caso do pão recheado com sete queijos servido no café da manhã da pousada. Romântico e adepto do slow food, o restaurante só atende com reserva pelo telefone (12) 99794-1213.
Microcervejarias começaram a fazer sucesso em Campos do Jordão décadas atrás, quando o restaurante Baden Baden iniciou a produção própria da bebida para abastecer suas mesas. Hoje, a cidade tem até um concorrido Parque da Cerveja. Mas vale visitar a pequena Gård, instalada na fazenda que deu origem ao Horto Florestal da cidade. Depois de um passeio encantador em meio à natureza, visite a área de produção, onde é explicado todo o processo de brassagem. Além de elaborar pequenas quantidades seguindo receitas clássicas, os proprietários se arriscam em estilos menos conhecidos, que variam mês a mês, chagando a mais de 60 ao longo do ano. Uma das cervejas da Gård tem o impronunciável nome Tmavé. Escura (dark lager), é feita com o lúpulo Saaz e traz à boca notas de cacau, café e torrefação. Há duas opções de régua com quatro estilos para degustar. Prove as quatro antes de escolher a que irá beber ao longo da tarde — e levar para casa em uma charmosa garrafa como suvenir.