14/11/2013 - 21:00
Brinque bem” é a tradução da expressão em norueguês “leg godt”, que deu origem à Lego, marca de peças de encaixar criada em 1950. O conceito, que deixa a imaginação das crianças fluir, é uma das bases do projeto Ara, desenvolvido pela Motorola, fabricante de celulares comprada pelo Google, em agosto de 2011, por US$ 12,5 bilhões. Nele, é o consumidor quem monta o seu próprio smartphone, definindo as especificações e os recursos que deseja, como se estivesse brincando com um Lego. “É um celular desenvolvido para durar”, afirma Dave Hakkens, designer holandês criador do conceito, que trabalha no projeto da buscadora americana desde outubro.
Feito para durar: conceito do aparelho permite que peças obsoletas sejam trocadas
“Além disso, o usuário escolhe quanto quer investir em cada aspecto. Se quiser um processador mais potente, pagará mais por um melhor.” O aparelho nada mais é que uma base com diversos pinos. Seus componentes, como processador, bateria, câmera e alto-falante, são encaixados pelo próprio usuário. Se achar que o processador se tornou antigo, o consumidor pode comprar um mais atual. Depois, é só encaixá-lo na base. Caso deseje uma câmera mais potente, o procedimento é o mesmo. As peças nem precisam ser da mesma marca.
O projeto prevê código aberto, para que qualquer companhia possa fabricar peças para o Ara. Foi com essa mesma política, por sinal, que o Google dominou o mercado de sistemas operacionais móveis, onde 79% dos aparelhos usam o Android. Não por acaso, o Ara já é chamado de a versão física do sistema. O designer Hakkens é peça-chave no projeto de Motorola e Google. Foi ele quem desenvolveu a ideia que atraiu os dois gigantes. O projeto era chamado por ele de Phoneblocks. “Minha intenção é acabar com o desperdício”, afirmou Hakkens, em seu blog.
“É interessante ambiental e economicamente.” Não há prazo para o lançamento comercial do Ara. Caso o projeto avance, representará a mais radical mudança no mercado de celulares, desde que a Apple lançou o iPhone em 2007. Naquela ocasião, a tela sensível ao toque revolucionou o negocio. “Esse pode ser o movimento que chacoalhará o mercado”, afirma Jeff Kagan, fundador da consultoria americana Kagan, especializada em telecomunicações. “Não vejo, por exemplo, uma empresa como a Apple trabalhando com um formato assim.”