A CSN confirmou, na quarta-feira 25, que negocia a compra das operações do grupo russo Severstal, nos Estados Unidos. O negócio é avaliado em, pelo menos, US$ 1,5 bilhão e envolve duas usinas com capacidade total de 5,2 milhões de toneladas de aço por ano. À primeira vista, o anúncio representa mais uma tentativa da siderúrgica comandada pelo empresário Benjamin Steinbruch de ampliar sua presença internacional – algo que já o levou a fracassos memoráveis, como a perda da anglo-holandesa Corus, na década passada, e a vitórias modestas, como a aquisição da alemã Stahlwerk Thüringen em 2013.

Na verdade, o que a CSN pretende, mesmo, é pegar uma carona na expansão da indústria automotiva americana. Somente neste ano, as vendas de automóveis nos Estados Unidos deverão avançar, no mínimo, 6%, superando os 16 milhões de unidades. Trata-se de um contraste e tanto com o Brasil, onde as previsões mais conservadoras da Fenabrave, que representa distribuidores e revendedores, apontam para uma queda de 3,2%, com algo em torno de 3,4 milhões de carros vendidos. Seria o segundo ano consecutivo de retração no País. É uma péssima notícia para a CSN, já que as montadoras representaram, no ano passado, 20% de sua receita líquida, ou R$ 2,5 bilhões de um total de R$ 12,4 bilhões.

Foi com esse pano de fundo que as siderúrgicas colocadas à venda pela Severstal ficaram mais atraentes para os brasileiros. A mais antiga das plantas, localizada em Dearborn, no Michigan, foi construída pela Ford em 1917. Comprada pelos russos em 2003, foi modernizada a um custo de US$ 1,4 bilhão e atende às empresas de Detroit. Já a segunda usina foi construída pela Severstal em Columbus, no Mississippi, em 2007, para suprir as montadoras do sul do país. “A proximidade das plantas com as montadoras é vital”, diz uma fonte próxima à CSN, que pediu para não ser identificada. A eventual aquisição não virá, porém, isenta de percalços.

Além dos problemas previsíveis de integração de novas plantas ao modo CSN de administrar os negócios, a empresa precisará vencer a resistência dos investidores brasileiros. “A CSN já está bem endividada, quando comparada com outras do setor”, diz Lenon Borges, analista da corretora Ativa, lembrando a dívida bruta de R$ 28 bilhões. “A questão é se o negócio terá um valor justo.” As ações da siderúrgica chegaram a cair 1% na Bovespa, logo após a confirmação da negociação. É um sinal de que dar uma volta nos carros americanos pode sair caro para Steinbruch.