27/08/2015 - 18:00
O mercado global de commodities está minguando, certo? Mais ou menos. Ao contrário do petróleo, do minério de ferro e da soja, que perderam mais de 50% de seu valor nos últimos dois anos, a cotação da celulose no mercado internacional tem se valorizado, com crise ou sem crise. Com preços em alta e exportação crescente, a Eldorado, uma das gigantes do setor no País, em plena recessão da economia brasileira está operando com 110% de sua capacidade. Mais: a empresa, criada pela holding J&F, da família Batista, dona do frigorífico JBS, está desembolsando R$ 8 bilhões no seu projeto Vanguarda 2.0, que prevê a construção de uma nova fábrica no município de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, que será inagurada em 2018. O otimismo é justificado. No primeiro semestre de 2015, a empresa alcançou um faturamento de R$ 1,5 bilhão, 53% a mais do que o registrado na primeira metade do ano passado.
O sucesso se explica também pela questão cambial. A Eldorado, que exporta 85% da sua produção de celulose, nada de braçada com a valorização do dólar em 2015, que se aproxima de R$ 3,60. Apesar dos problemas econômicos na China e Europa, a demanda pela matéria-prima não para de crescer. “Estamos com o nosso menor estoque de toda a nossa história, pois os chineses não deixarão de usar guardanapo e papel higiênico”, afirma José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado. “Em todo o mundo, a demanda aumenta ano a ano e a celulose brasileira é mais valorizada lá fora.”
Apesar do crescimento da Eldorado, a companhia, ainda opera no vermelho, cinco anos após a inauguração de sua fábrica em Mato Grosso, por conta da maturação dos investimentos iniciais. No primeiro semestre deste ano, a Eldorado registrou um prejuízo de R$ 66,1 milhões e seu nível de alavancagem é três vezes maior do que a líder Fibria, por exemplo. Para Grubisich, no entanto, o lucro já será uma realidade no ano que vem. O investimento bilionário na cidade sul-matogrossense, segundo o executivo, melhorará a competitividade no cenário internacional e barateará os custos da empresa. Além disso, a partir do primeiro semestre de 2018, com a nova fábrica em operação, a Eldorado aumentará sua capacidade para 3,7 milhões de toneladas por ano, pouco mais do que o dobro da atual produção.