A afirmação de que o Brasil é o país do futuro não é nova e está caindo em desuso. Mas ainda é uma das mais repetidas pelos executivos da Visa, maior empresa de meios de pagamento do mundo, com faturamento de US$ 10,4 bilhões, no ano passado. Aqui está baseada sua maior operação fora dos Estados Unidos, tanto em receita quanto em número de transações, e o potencial de crescimento dos pagamentos eletrônicos torna o mercado brasileiro a grande aposta nas estratégias globais da Visa. Enquanto o faturamento mundial da companhia avançou 13% entre 2011 e 2012, na América Latina, liderada pelo Brasil, o crescimento foi o dobro. 

 

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Rubén Osta, presidente da Visa no Brasil: “O País possui o melhor ambiente

para a expansão dos meios eletrônicos em todo o planeta”

 

“O País possui o melhor ambiente para a expansão dos meios eletrônicos em todo o planeta”, afirmou à DINHEIRO o presidente da Visa Brasil, Rubén Osta. Os números do mercado local explicam parte desse otimismo. Enquanto os cartões de crédito e de débito respondem por apenas 55% das compras realizadas no mercado nacional neste ano, os pagamentos em papel representam 45%. O índice é muito inferior à média das nações desenvolvidas, que fica entre 75% e 85%. “O Brasil é o país do futuro porque é um mercado no qual 75% da população aparece como novos clientes em potencial, e ao mesmo tempo tem uma das mais modernas e maduras infraestruturas bancárias do mundo”, diz Osta.

 

Dona de 67% do mercado, contra 30% da vice-líder Mastercard, a Visa, diante das oportunidades, lançou, nos últimos anos, um arsenal de táticas para defender sua liderança e surfar em um setor que movimentou R$ 724,3 bilhões no ano passado, o equivalente a 26,4% do consumo das famílias, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Enquanto o PIB brasileiro cresceu 0,9% no período, o segmento de cartões registrou uma alta de 18% em relação a 2011. “Não há mercado mais promissor do que o de meios eletrônicos no País”, afirma Osta. “Por isso, elaboramos estratégias únicas para o mercado brasileiro, sob medida para o consumidor local.”

 

Entre elas, os destaques foram o Visa Agro e o Visa Cargo, que permitiram que produtores rurais e profissionais de transporte, como caminhoneiros, pudessem comprar com dinheiro de plástico desde combustíveis e fertilizantes até caminhões e tratores, que podem custar mais de R$ 1 milhão. “Esses eram segmentos que, apesar de fundamentais para a economia brasileira, não possuíam produtos específicos para suas necessidades”, diz Osta. “Hoje, 34% do PIB vem do agronegócio e 85% do transporte é feito por rodovias, realidades que explicam a nossa dedicação a essas atividades.” Além das lavouras e das rodovias, o crescimento da Visa no País passa também pelos celulares e pelo mundo virtual. 

 

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Pagamento mobile: a popularização dos smartphones tem criado oportunidades de negócios

 

A popularização dos smartphones tem encorajado a empresa a intensificar o processo de convergência entre os mundos físico, digital e móvel, segundo Osta. “Esses três campos irão convergir cada vez mais, dando ao consumidor a opção de pagar com cartões convencionais, eletronicamente por plataformas vir­tuais ou utilizando o celular que está no bolso”, diz o presidente da Visa. No início deste ano, a Visa anunciou uma inédita parceria com a sul-coreana Samsung, maior fabricante de smartphones do mundo. Com o acordo, em poucos meses, os novos celulares da família Galaxy sairão de fábrica com um aplicativo desenvolvido pela Visa que permitirá pagamentos instantâneos com apenas alguns toques na tela.

 

A parceria com a Samsung foi um passo fundamental para a evolução das tecnologias da companhia, mas não foi o único. Para colocar em operação a convergência dos meios de pagamento, nos últimos anos a Visa saiu às compras. A primeira aquisição se concretizou em 2010, ao desembolsar US$ 2 bilhões pela americana CyberSource, empresa de prevenção de fraudes. No ano seguinte, a companhia investiu mais US$ 190 milhões na PlaySpan, especializada em administrar pagamentos em jogos online e redes sociais. Embora esteja engatinhando, esse mercado já movimenta algo próximo a US$ 25 bilhões por ano. 

 

A outra aquisição foi a da sul-africana Fundamo, especializada em serviços financeiros para operadoras de celular, com atuação em mais de 30 países em desenvolvimento. A operação, concluída há dois anos, custou US$ 110 milhões. “A Visa foi muito ousada ao adquirir, em pouco tempo, tantas empresas de segmentos distintos”, diz Osta. A compra das três empresas resultou no desenvolvimento de um novo negócio para a Visa, chamado V.Me. Trata-se de uma plataforma de pagamento que pode ser utilizada no mundo físico ou no virtual. “Um dos grandes aliados da Visa nesse campo é o crescimento das fraudes no mercado de cartões”, afirma o consultor Roberto Puccetti, ex-executivo da concorrente Mastercard. 

 

“A plataforma dá mais segurança a quem compra e a quem vende em qualquer um dos mundos.” Segundo Osta, no quesito tecnologia, o Brasil está bem posicionado. O País perde apenas para o Reino Unido em cartões com chips e maquinetas que aceitam autenticação por senha. A Visa tem cerca de dois milhões de estabelecimentos equipados com tecnologias para reduzir fraudes. “Acabar com as fraudes em definitivo ainda é muito difícil, mas tornar as transações mais seguras e mais eficientes que o dinheiro, o cheque e o boleto é algo real graças à tecnologia”, afirma o presidente da Visa.

 

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