Quem vê o executivo Patrick Choy, não imagina, por seu jeito afável e voz suave, que até 1996 ele ocupava o posto de brigadeiro no Exército de Cingapura, país conhecido pela rigidez de suas leis. Desde então, Choy começou a travar batalhas em outra área não menos desafiante, a dos negócios. Agora, como vice-presidente de markteting internacional da ST Engineering, cuida da expansão internacional de um conglomerado de engenharia que fatura US$ 5,3 bilhões por ano, com a produção de equipamentos de transportes e materiais bélicos.

O Brasil é considerado uma peça-chave no mapa mundi do ex-militar, que esteve em São Paulo em visita a clientes do setor privado e também para prospectar novos parceiros. “É um país enorme e com grande influência na América Latina”, afirma. “Se conseguirmos crescer por aqui, conseguiremos em qualquer outro lugar.” Para isso, ele conta com um arsenal de respeito. Além de produzir armas, munições e veículos militares, a ST Engineering também reforma desde aviões até trens e desenvolve soluções tecnológicas para as chamadas cidades inteligentes. De imediato, Choy colocou na mira o orçamento de quase R$ 20 bilhões anuais do Ministério da Defesa, com o qual já iniciou tratativas.

“Não queremos apenas vender produtos”, afirma. “Nossa intenção é reformar os equipamentos das Forças Armadas.” A ST Engineering desembarcou por aqui em 2010. Desde então, vem mapeando o terreno. Para se adequar às exigências de conteúdo local, presente nas concorrências governamentais, os cingapurenses adquiriram 90% da Technicae, de Brasília, especializada em revisão de viaturas militares. Também criaram a LeeBoy Brasil, seu braço operacional no País. Nessas operações foram investidos R$ 40 milhões.

Trata-se de uma estratégia semelhante à colocada em prática nos Estados Unidos a partir de 2001. Atualmente, o mercado americano responde por cerca de 25% do faturamento global da empresa. O veterano soldado espera que a ST Engineering repita a façanha no Brasil. Como parte da estratégia, ele pretende focar diversos alvos. Além da área militar, o setor de petróleo e os serviços no segmento de mobilidade urbana, como a reforma de trens, estão no radar de Choy. “Sabemos que a economia brasileira passa por um momento de turbulência”, diz o executivo. “Mas não viemos aqui para jogar dinheiro fora.”