04/11/2022 - 1:10
Elas são mais do que empresas de seguros. Unem o princípio de um bom produto com as ferramentas da digitalização, a inteligência artificial e dados amplamente disponíveis no mundo de hoje para entregar uma solução agradável e fácil de usar, não somente para o público jovem acostumado com tecnologia. Surgiram para resolver as dores dos consumidores de forma rápida e efetiva. Essas são as insurtechs, uma categoria de startups que deve movimentar US$ 39,4 bilhões até 2027, segundo dados do Report Linker.
Somente em 2021, foram US$ 9 bilhões em investimentos em empresas do segmento, concentrados principalmente nos EUA, Alemanha, Reino Unido e França, conforme relatório da NTT Data. No Brasil, os últimos dados são de 2020 (Distrito), quando haviam 113 startups consideradas insurtechs, um aumento de 47% em relação à pesquisa de 2018, sendo que quase metade delas tem foco em infraestrutura e backend, trabalhando em parceria com as seguradoras existentes e resolvendo problemas de eficiência do mercado. “É um setor que se beneficiou muito pela pandemia”, disse à DINHEIRO Ingrid Barth, vice-presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups).

Por serem nativas da tecnologia, elas têm vantagem nessa transição do presencial para o virtual e também pelo aumento de cuidados dos consumidores com a saúde e com seus bens materiais. “O setor de seguros viu um impacto positivo e com isso, vimos um aumento nas insurtechs”, afirmou Ingrid. Com essa expansão, surgem novas categorias, maneiras de aplicar os seguros tradicionais, e modalidades como os seguros de celular ganham destaque.
Empresas como a Pier trazem esse conceito de digitalização nativa. Com uma base de mais de 120 mil clientes ativos e um faturamento de mais de R$ 45 milhões no primeiro semestre de 2022, a startup visa chegar a R$ 100 milhões de receita até o fim do ano. “Usar a inteligência artificial para entregar um serviço superior”, disse Igor Mascarenhas, CEO e cofundador da Pier.
Utilizando tecnologias como IA e big data a seu favor, a empresa consegue produtos em média 20% mais baratos do que o restante do mercado. Para o CEO, isso dá certo porque o segmento de seguros é um oceano azul, com muitas possibilidades de inovação e, principalmente, melhorias dos serviços já prestados. E é exatamente esse o foco: pegar dois produtos simples, que já existem, como o seguro para carros e para celulares, e trabalhá-los para que realmente resolvam as dores dos consumidores. Como exemplo disso, a marca foi a primeira a realizar reembolsos imediatos entre as seguradoras tradicionais e insurtechs.
Outro player desse segmento é a Justos, que oferta exclusivamente seguro de carros. A startup traz um conceito diferente na precificação dos serviços que tende a agradar mais os clientes. É mais barato para quem dirige bem, o que foge muitas vezes da realidade, estereotipando os motoristas. Isso é feito através do monitoramento da direção dos motoristas clientes por um aplicativo simples, baixado no celular, que classifica seu nível de direção pela velocidade, aceleração, como realiza as curvas, frenagem e nível de foco. Algo que vai contra o perfil de risco majoritariamente utilizado pelas seguradoras tradicionais, em que o jovem é parte do grupo de risco e, conforme o segurado fica mais velho, o seguro fica mais barato. “É dessa forma que queremos modernizar a contratação de seguros de automóveis e oferecer preços abaixo do mercado”, disse Dhaval Chadha, CEO da Justos.
RELACIONAMENTO Com uma atuação ampla, a Youse junta o que há de melhor no mercado de seguros com o conceito de digitalização das insurtechs para assegurar carros, casas e vidas. Foi criada em 2016, sendo a primeira seguradora 100% digital do mercado, contribuindo para diversas mudanças no setor de seguros. Para Taiolor Delgado de Morais, diretor de Tecnologia (CTO) da Youse, o trunfo da empresa está no relacionamento com o cliente, com uma linguagem de forma clara e que permite que ele possa de fato ter um pleno entendimento daquilo que está adquirindo. “Nós invertemos a lógica do mercado”, afirmou o executivo.

Com foco em saúde e no pós-saúde, empresas como a Amar Assist buscam trazer iniciativas de auxílio à população mais carente, como seguro de vida gratuito por longos períodos. O serviço é disponibilizado para os clientes, sem custo, por 12 meses e, após o período, tem a opção de escolher pela continuidade. Além disso, também cobre assistência funeral individual 24 horas em casos de mortes acidentais e realiza consultas gratuitas para reivindicação de pensão por morte, DPVAT, revisão e planejamento de aposentadoria. “Longevidade, qualidade de vida e impacto social”, são os princípios do negócio, disse Bruno Gallo, CEO da Amar Assist. Desburocratizar um mercado tão tradicional tem sido via de crescimento seguro das insurtechs.