Qual a sua avaliação sobre a queda mais forte dos juros?
Nós fomos a minoria que achava que o Banco Central iria acelerar o corte para 0,75 ponto percentual. O ambiente era de atividade muito fraca e de inflação apontando para baixo, inclusive a inflação de serviços. O BC foi cirúrgico na sua atitude. A decisão foi muito correta e evita o risco de a economia mergulhar numa nova recessão.

O ritmo dos cortes continuará assim?
Olhando a situação atual, os próximos passos serão de 0,75 ponto percentual . Na medida em que os dados vão mudando, o BC pode mudar na próxima reunião, inclusive acelerando para um ponto percentual, se for o caso.

Teremos uma Selic de um dígito neste ano?
É possível. Tem muita água para correr. Com uma inflação de 4,5%, o juro nominal pode cair para 9%. É razoável, pois gerará um juro real de 4,5%, perto do patamar de juro neutro.

O risco para a política monetária é mais interno (as reformas) ou externo (Donald Trump)?
Lá fora vai ser uma confusão. Trump tem demonstrado que terá na Presidência a mesma postura que teve na campanha. Isso gera incerteza. Porém, o Brasil ainda tem muito a recuperar. Nos próximos dois anos, entre 80% e 90% do que o Brasil pode alcançar dependerá apenas de nós.

Qual vai ser o papel do crédito para o PIB?
É muito relevante, mas a recessão foi muito longa e profunda. As empresas estão com balanço muito alavancado. Então é preciso reduzir essa alavancagem para as empresas voltarem a investir e a contratar.

A queda dos juros ajuda nessa desalavancagem?
Não tem dúvida. É fundamental.

Então a queda dos juros é, inicialmente, mais relevante para as empresas do que para os consumidores?
Sim. Para as empresas é mais na veia. Muitas companhias tomavam dinheiro indexado ao CDI. Então a queda do CDI é muito relevante.

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Leia mais na matéria “Começa a demolição dos juros