17/10/2012 - 21:00
De Seul a Toronto, passando por São Paulo e Nova York, nenhuma grande metrópole escapa do olhar aguçado do arquiteto polonês, naturalizado americano, Daniel Libeskind, 66 anos. Os traços em sua prancheta (digital, bem entendido) dão origem a marcos arquitetônicos que despontam na paisagem de algumas das cidades mais importantes do mundo. É fácil reconhecer uma obra assinada por Libeskind: seus prédios têm estilo futurista, marcado por fachadas que abusam da utilização de vidro e formas geométricas não lineares. Mas mais importante do que isso: seus empreendimentos têm um forte apelo de vendas. Foi isso que fez dele um dos profissionais mais requisitados pelas incorporadoras.
Grife disputada: empreendimentos assinados pelo arquiteto são vendidos em tempo recorde
Alguns exemplos são marcantes. No lançamento do complexo residencial The Reflections at Keppel Bay, em Cingapura, em 2007, um fundo árabe desembolsou US$ 225 milhões para comprar uma das torres. No Brasil não foi diferente. No fim do ano passado, 12 dos 14 apartamentos do edifício Vitra, que custavam entre R$ 8 milhões e R$ 20 milhões, foram comercializados em apenas cinco dias. O projeto foi encomendado pela construtora paulistana JHSF, que atua no segmento de alto luxo. Apesar desse sucesso comercial de seus empreendimentos, Libeskind não é um deslumbrado pelo mercado. Ele acredita que as construtoras e as incorporadoras não devem perder de vista as aspirações dos habitantes das cidades onde atuam.
“A visão do mercado imobiliário não pode se sobrepor à necessidade da população”, disse Libeskind à DINHEIRO. “E isso vale para Nova York e também para São Paulo.” Esse sentimento se solidificou a partir de 2003, depois que Libeskind venceu a disputa para desenhar o plano diretor do complexo de edifícios que está sendo erguido no lugar das Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York. “As cidades não são máquinas, mas sim organismos vivos, comandados por pessoas”, afirma. “São elas que decidem, a partir de sua tradição e cultura, como a cidade deve crescer.” Isso, segundo ele, não pode servir para inibir a participação do capital privado nas megaobras.
Em sua visão, as parcerias público-privadas são a chave para viabilizar empreendimentos de grande complexidade e elevado valor econômico. “Sem isso, teremos cidades futuristas e projetos belíssimos, mas que jamais sairão do papel.” Essa capacidade de unir reflexão com apelo comercial é uma das características que o fazem ser admirado pela maioria de seus pares. “Libeskind é um ícone da arquitetura mundial”, afirma Eduardo Sampaio Nardelli, presidente nacional da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA). Expansivo quando o assunto é arquitetura, o arquiteto polonês-americano se cala quando questionado sobre os números referentes a seus projetos empresariais.
Mas como está por trás de obras de grande vulto (veja a lista abaixo) estima-se que sua fortuna já esteja na casa dos muitos milhões de dólares. Isso porque, tradicionalmente, um escritório de arquitetura embolsa pelo menos 1% do valor total que será investido em cada projeto. Atualmente, sua menina dos olhos é o Archipelago 21, que faz parte do Youngsan International Business District, em Seul. O sofisticado bairro às margens do rio Han deve representar um investimento total de US$ 21 bilhões e integra o extenso portfólio de projetos erguidos na capital da Coreia do Sul que saíram de sua prancheta.
Enviado especial a Londres.