17/01/2014 - 21:00
O Brasil sempre acalentou o sonho de ter uma fábrica de chips, os microprocessadores que são o cérebro de computadores, celulares e tablets. Tentou, por diversas vezes, atrair os gigantes dessa área, como as americanas Intel e AMD. Em vão. Na ausência desses pesos-pesados globais, a solução foi criar sua própria estrutura. Foi nesse espírito que surgiu, em 2008, em Porto Alegre, a polêmica Ceitec, uma estatal para produzir chips. Mais recentemente a iniciativa privada, capitaneada pelo ex-presidente da Volkswagen, Wolfgang Sauer, falecido no ano passado, resolveu investir na área de semicondutores.
O projeto da Six reunia a multinacional americana IBM, o BNDES e o então bilionário empresário brasileiro Eike Batista. Sua unidade está sendo construída em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. A débâcle do império de Batista colocou o projeto em perigo. Quem evitou o novo fiasco foi o argentino de origem armênia Eduardo Eurnekian, 81 anos, natural de Buenos Aires. Ele adquiriu, na segunda-feira 13, a fatia de um terço do empresário brasileiro por um valor não revelado.
Eurnekian, o segundo homem mais rico da Argentina, com uma fortuna de US$ 1,8 bilhão, é dono da Unitec Blue, braço de nanotecnologia de seu grupo, a Corporación América, um diversificado conglomerado de empresas. Seu primeiro investimento foi no setor de comunicação, ao adquirir o canal Cablevisión em 1980, tornando-o uma das maiores operadoras argentinas de tevê a cabo. Esse foi o embrião da Corporación América, que hoje abriga em seu guarda-chuva desde companhias de administração de aeroportos até negócios rurais. A virada em sua trajetória aconteceu em 1995, quando vendeu a Cablevisión por 750 milhões de pesos e se voltou para a administração de aeroportos.
Com bom trânsito no governo, conseguiu a permissão para administrar os principais terminais do país por 30 anos. Atualmente, ele detém participação em 49 aeroportos em diversas partes do mundo. Em 2000, Eurnekian começou a investir no setor agropecuário, comprando participações em grandes fazendas argentinas e armênias. Passou, então, para o setor bancário, adquirindo o armênio Converse Bank. Nos últimos anos, diversificou seus negócios ainda mais, entrando para o setor cervejeiro, ao ficar com marcas que pertenciam à brasileira Ambev. Também passou a atuar na área de biocombustíveis, com a criação da UnitecBio, e no setor de energia, com negócios de petróleo e hídricos.