09/03/2011 - 21:00
Nos últimos anos do governo Lula, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, aproveitou com eficiência os bons resultados da política econômica. Era ele quem, todos os meses, esbanjava sorrisos ao anunciar o crescimento do número de empregos com carteira assinada criados pela expansão da economia.
Foram 8,5 milhões de novos postos de trabalho entre 2006 e 2010. Mas em janeiro deste ano, os bons ventos pararam de soprar na direção de Lupi, que é presidente licenciado do PDT e havia se intitulado como um aliado importante para continuar no cargo no governo Dilma.
Imagem desbotada: Lupi teve de engolir a exposição pública de fraudes no seguro-desemprego
O ministro defendia um salário mínimo maior que o proposto pelo governo, mas perdeu a disputa com a equipe econômica, que fincou pé nos R$ 545. Até aí tudo bem. O problema foi sua falta de habilidade para controlar a base do partido, liderada pelo deputado federal paulista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical. Nove dos 27 deputados da bancada do PDT votaram contra os R$ 545. Foram massacrados pela base governista.
Dilma não perdoou os que não estiveram ao seu lado. E assim, em dois meses do novo governo, Lupi deixou a condição de mensageiro de boas notícias para a de anjo caído. “A principal função dele era controlar a base”, diz o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília. “Quem não consegue entregar isso não tem mais utilidade.” O descontentamento de Dilma ficou explícito na quarta-feira 2, na reunião com os líderes dos partidos da base aliada.
O PDT não foi convidado e o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, deixou claro o motivo. “Foi uma reunião em que a presidente convidou os líderes que estão 100% afinados com o governo”, afirmou.
Outro sinal de fritura de Lupi foi dado no anúncio dos cortes no Orçamento. Lupi precisou engolir a exposição pública de que há fraudes no pagamento de abono salarial e seguro-desemprego.
“É sabido que existem fraudes. O desemprego caiu e o pagamento do seguro aumentou”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele espera economizar R$ 3 bilhões depois de passar um pente fino nas contas do ministério. Mais um para a conta de Lupi, que não quis comentar o assunto.