15/02/2012 - 21:00
Os ventos na campanha eleitoral americana parecem estar virando, e a favor da reeleição do presidente Barack Obama. Resultados inesperados nas últimas primárias do partido Republicano, recuperação econômica e novas pesquisas de intenção de voto são motivos de comemoração para a Casa Branca na preparação para as eleições de 6 de novembro. Numa reviravolta surpreendente, o pré-candidato republicano Rick Santorum, um católico ultramontano, venceu na terça-feira 7 as primárias nos Estados de Minnesota, Missouri e Colorado, passando à frente do ex-governador Mitt Romney, até agora considerado o franco favorito para disputar a eleição com Obama.
No ataque: vale tudo na campanha, até atirar marshmallows
na Casa Branca com a engenhoca do garoto
Joey Hudy, na terça-feira 7.
Santorum liderou na metade dos oito Estados em que já foram realizadas primárias pelo partido oposicionista, enquanto Romney contabiliza três. Já Newt Gingrich venceu em apenas um. Ex-senador conhecido por suas posições extremamente conservadoras em temas como aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo, Santorum ganhou o apoio do eleitorado religioso e do movimento de extrema direita Tea Party. Com as vitórias, o ex-senador da Pensilvânia, que não era visto como um candidato a ser levado a sério dentro de seu próprio partido, ganhou visibilidade e já começa a reforçar a arrecadação de sua campanha, uma das mais pobres entre os concorrentes republicanos.
Os resultados mostram que a ala mais conservadora não está à vontade com Romney, um moderado nas questões sociais que aposta em seu sucesso como empresário para convencer os eleitores de que é o melhor candidato para conduzir a recuperação da economia dos Estados Unidos. Santorum agora se estrutura para uma disputa nacional que pode criar uma divisão expressiva no partido Republicano. Seu primeiro teste será o Estado de Michigan, que foi governado pelo pai de Romney, mas a viabilidade da campanha será posta à prova mesmo na “Super Terça”, em 6 de março, quando haverá primárias em 11 Estados.
Para o professor de política da Universidade da Virgínia, Larry Sabato, a vitória de Santorum cria uma “confusão” no Partido Republicano. “A disputa será provavelmente longa”, afirmou Sabato. É possível que a escolha do candidato só seja definida na convenção nacional, em agosto. Enquanto isso, deverão recrudescer os ataques entre os pré-candidatos. Essa luta intestina só favorece o campo democrata. Obama assiste de camarote à briga de foice dos adversários, ao mesmo tempo em que saboreia boas notícias para sua campanha. Uma pesquisa do jornal Washington Post e da rede de tevê ABC deu ao atual presidente 51% das intenções de voto, contra 45% atribuídos a Romney.
É a primeira vez que o democrata supera os 50% entre os eleitores registrados. Parece que o lema “É a economia, estúpido”, criado pelo marqueteiro James Carville durante a campanha de Bill Clinton, na década de 1990, continua valendo. A baixa popularidade desde a crise de 2008 pode estar com os dias contados. Assessores econômicos da Casa Branca preveem a geração de 2 milhões de empregos no país neste ano, com a taxa de desemprego recuando para 8%. O percentual de desempregados está diminuindo há cinco meses. Não por acaso, Obama tem aparecido mais relaxado. Nesta semana, o hit nas redes de tevê foi a interação entre o presidente e um estudante de 14 anos, Joey Hudy, durante a feira de ciências organizada na Casa Branca para chamar a atenção para programas de incentivo à educação.
Obama provocou risadas ao testar um canhão de brinquedo, arremessando um marshmallow através de um salão da residência oficial. Mas o presidente quer mesmo acertar o alvo é de outra forma: na quinta-feira 9, o governo firmou com os cinco maiores bancos (Ally Financial, Bank of America., Citigroup, J.P. Morgan Chase e Wells Fargo) um acordo que irá colocar até US$ 30 bilhões à disposição dos mutuários em dificuldades para reduzir o número de execuções em contratos de financiamento imobiliário, beneficiando até 2 milhões de pessoas. Se o programa der certo, a popularidade de Obama poderá disparar às vésperas das eleições.
Enviada especial a Nova York