30/10/2015 - 20:00
Quando Ian Fleming começou a trabalhar a ideia de um romance de espionagem, no início da década de 50, ele já sabia que seu agente secreto deveria ser um sujeito sedutor, elegante e impecavelmente vestido. O que o escritor britânico não imaginou é que o personagem mais importante de sua carreira se tornaria um ícone de merchandising, disputado por algumas das maiores grifes de luxo do mundo. Com Spectre, que estreia no Brasil na quinta-feira 5, não será diferente. Daniel Craig volta às telonas com terno Tom Ford, relógio Omega, celular Sony, jaqueta John Varvatos, sapatos Crockett & Jones, para citar alguns exemplos.
Até mesmo a cueca do agente secreto tem a etiqueta da Sunspel, uma renomada grife britânica de underwear. Por mais que as grifes gostem de aparecer na telona, elas evitam falar em ação promocional. A Tom Ford nega que já tenha pago para vestir o agente 007 e alega que sua participação nos filmes é uma escolha da produção. A Sony Pictures não comenta esse tipo de negociação, mas em abril deste ano acabou passando pelo constrangimento de ver parte da história vazada na imprensa.
Em uma troca de emails divulgada pelo Wikileaks, Daniel Craig teria aceito um cachê de US$ 5 milhões para usar o Sony Xperia Z4, apesar de tanto ele quanto o diretor Sam Mendes “acharem que o da Samsung seria melhor”. Os fãs mais puristas têm reclamado. Segundo eles, os acordos de “merchan” podem ser fechados, mas desde que não interfiram na essência do personagem. Em Skyfall (2012), James Bond– que nunca abre mão de sua bebida preferida, o Martini – dá um gole de cerveja. Em tempo: James Bond, é o grande garoto-propaganda da Heineken este ano. O assédio das marcas sobre Bond é compreensível.
Apesar de seus mais de 50 anos, o agente que faz sucesso com as mulheres e trata seus inimigos com soberba ainda é visto como modelo pelo público masculino. Junte-se a isso algumas das marcas mais sofisticadas do mundo e o caminho para o marketing perfeito está traçado. Ninguém espera que um telespectador saia do cinema e vá correndo comprar um terno Tom Ford por US$ 3 mil, mas a marca pode ganhar de outras formas, sobretudo usando o mote de 007 em suas lojas e campanhas. Antes dele, outras grifes tiveram o privilégio de vestir Bond, entre eles Anthony Sinclair, Douglas Hayward e Brioni, e até hoje são associadas à elegância do agente secreto.