Às 19h38 do sábado 21, um vazamento de cloro, em Maceió, espalhou uma nuvem venenosa que afetou as comunidades próximas do bairro Pontal da Barra e paralisou a fábrica da Braskem, braço petroquímico do grupo Odebrecht, intoxicando 130 moradores da região. Cerca de 32 horas depois, uma nova explosão levou ao hospital cinco trabalhadores da Mills, subcontratada da empresa para serviços de reparos e manutenção  em suas instalações. 

Esses dois acidentes não só afetaram a reputação da maior empresa de resinas do continente, como podem gerar um impacto negativo em seu caixa. “Os produtos fabricados na unidade respondem por pouco menos de 5% da receita da companhia”, afirmou à DINHEIRO Marcelo Lyra, vice-presidente de relação com os investidores e sustentabilidade. Considerado que o faturamento da Braskem atingiu R$ 27,8 bilhões em 2010, cada dia em que essa unidade permanece paralisada equivale a um prejuízo de R$ 3,8 milhões.  

92.jpg
Ira sindical: manifestantes protestam na porta da fábrica da Braskem por melhores condições de trabalho

Os danos, no entanto, podem ser ainda maiores. No início de junho, integrantes de órgãos ambientais do Estado vão se reunir para decidir sobre a renovação da licença de funcionamento da empresa. Técnicos do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) elaboraram um laudo preliminar indicando que o acidente não causou grandes danos ao ecossistema. “Se o vazamento tivesse durado mais (segundo a Braskem, foram apenas 37 minutos), poderia queimar a vegetação, poluir a água e matar animais”, diz Ricardo Oliveira, diretor técnico do IMA. O estrago, porém, já está feito.

A fábrica, inaugurada em 1976, é a principal fornecedora do cloro usado para a produção de PVC da Braskem. O desabastecimento pode afetar, ainda,  companhias que absorviam a soda cáustica fabricada na unidade. Lyra, mais uma vez, minimiza a extensão do problema. “Temos um estoque razoável, mas, se for necessário, buscaremos fontes alternativas para atender o mercado”, afirma. O acidente também fragilizou a companhia em outro front. 

 

93.jpg

 

 

Os sindicatos que representam os trabalhadores da planta de Maceió a acusam de reduzir os investimentos em segurança. “A Braskem só vinha fazendo manutenções corretivas na fábrica, não realizou nenhum trabalho preventivo”, diz Antonio Freitas, diretor do Sindipetro. “Alertamos que  pequenos acidentes estavam ocorrendo, mas ninguém nos deu ouvidos.”