28/11/2012 - 21:00
Mais risco, mais prazo e mais planejamento. Esse é o tripé sobre o que a previdência privada vai se apoiar ao longo dos próximos anos. Para fazer frente à queda da rentabilidade das aplicações financeiras, os futuros aposentados terão de poupar mais e obter mais pelo dinheiro reservado para a época da aposentadoria. Para fazer frente a essas necessidades, os bancos e as seguradoras vêm lançando novos produtos. As mudanças serão profundas, mas não radicais. A previdência privada continuará a cargo de dois grandes grupos de produtos, os Planos Geradores de Benefício Livre (PGBL), destinados a quem tem renda tributável, e os Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), para os demais.
O que vai mudar será a maneira de os gestores aplicarem os recursos e, eventualmente, a destinação dos saques. “Os novos planos adaptam suas aplicações às mudanças no perfil de risco do investidor”, diz Plínio Sales, superintendente de produtos de previdência da Icatu Seguros. Esses fundos, conhecidos como Previdência Data Alvo, definem o momento em que o dinheiro será resgatado. Podem ser 10, 20 ou 30 anos após a primeira aplicação. “À medida que o tempo passa, o administrador reduz o risco da carteira, para evitar o impacto das oscilações de mercado sobre o patrimônio de quem está perto de se aposentar”, diz Sales. Outra novidade, que deve estar no mercado já no início do próximo ano, são os fundos que incluem em sua estratégia a identificação do perfil do investidor.
“Atualmente, os produtos à disposição do cliente se diferenciam apenas pelos ativos em que investem, se incluem ou não ações em suas carteiras”, diz Edson Franco, CEO da Zurich Santander Seguros e Previdência. Os novos produtos terão uma abrangência maior e vão diferenciar os investidores que se contentam em proteger seu capital da inflação, daqueles que aceitam correr mais riscos, de modo a fazer o bolo crescer em termos reais, ao longo do tempo. Não parece, mas é uma mudança profunda na estratégia de gestão. Atualmente, os fundos procuram manter uma proporção mais ou menos estável nos investimentos em renda fixa e em ações. Com a nova orientação, eles terão a liberdade de apostar mais ou menos em títulos longos de inflação, que são mais voláteis, mas que oferecem juros maiores, por exemplo.
Sempre é bom lembrar que as cadernetas de poupança, tradicionalmente vistas como uma aplicação segura, agora já não defendem o investidor da desvalorização da moeda. A maior mudança, que ainda está em discussão e só deve chegar ao mercado, no primeiro trimestre de 2013, são fundos com mais uma vantagem fiscal. Chamados VGBL Educação e VGBL Saúde, eles funcionam como os produtos tradicionais. No entanto, em caso de necessidade, é possível resgatar o dinheiro para fazer frente a despesas inesperadas com saúde e educação dos familiares, sem ter de pagar um imposto adicional devido ao resgate antecipado. “Esses fundos ainda estão sendo discutidos com a Comissão de Valores Mobiliários e com a Receita Federal, mas as conversas estão bastante adiantadas”, diz Marcos Ferreira, presidente da seguradora BB Mapfre.