21/11/2012 - 21:00
Em meio ao cenário desolador de muitas economias desenvolvidas, alguns sinais positivos despontam no horizonte global e podem fazer de 2013 um ano bem melhor do que este tem sido. Um dos mais importantes está vindo da China, gigante que já está começando a mudar seu modelo econômico de grande foco em exportações para estimular o consumo interno. Em meio a essa complexa transição, chamou a atenção um dado divulgado na semana passada em Pequim sobre o volume total de crédito. O indicador de Financiamento Total, que incorpora não apenas o crédito bancário, mas também as emissões de bônus e repasses de empréstimos externos, entre outros, cresceu nada menos que 64% em outubro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo o equivalente a US$ 207 bilhões.
A festa não acabou: recepcionistas posam para foto pouco antes do congresso do Partido Comunista
da China, há duas semanas
Nos primeiros dez meses deste ano, o volume total de recursos disponíveis na economia chinesa cresceu 23%. Outra boa notícia é que os empréstimos estatais estão reduzindo sua participação no total de financiamento da economia. O que tudo isso significa? Em resumo, são sinais de que há luz no fim do túnel da recuperação global. O pouso da segunda maior economia do planeta, que tem sido a locomotiva do crescimento mundial há vários anos, pode ser mais suave do que preveem os economistas alarmistas. Um mercado interno mais pujante traz alívio aos países que têm na China um grande parceiro comercial, como o Brasil. “Os últimos dados mostram que as condições de financiamento na China não são restritivas e podem sustentar um crescimento entre 7,5% e 8%”, afirmaram analistas do banco inglês Barclays, em nota enviada a clientes no início da semana passada.
Enquanto isso, a economia dos Estados Unidos também está dando sinais de recuperação. Embora a taxa de desemprego esteja ainda em 7,9%, o PIB americano deverá crescer neste ano 2,2%, acima do 1,8% do ano passado. Se o presidente reeleito Barack Obama conseguir evitar o chamado abismo fiscal na negociação com os republicanos no Congresso – e alguns sinais de flexibilidade já apareceram na semana passada —, a tendência é de uma continuidade da melhora econômica nos próximos meses. Até mesmo na Europa, gravemente afetada pelos problemas na Grécia, em Portugal, na Espanha e na Itália, não há apenas notícias ruins. A Comissão Europeia prevê que o PIB dos 17 países da zona euro encolha 0,4% neste ano e cresça apenas 0,1% no ano que vem. Mas há alguns sinais positivos.
Dança da recuperação: o presidente dos EUA, Barack Obama,
e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ainda têm motivos
para otimismo com a economia
A Alemanha, maior economia do bloco, ainda expandirá 0,9% neste ano, apesar da situação difícil dos países vizinhos. Sua taxa de crescimento caiu em relação ao que se previa até agora, mas a Alemanha ainda continua longe de uma recessão. Sua taxa de desemprego está em 5,4%, bem menor que a média do bloco. A Áustria também deve crescer 1,1% neste ano. Alguns países europeus menores também vêm mostrando bons resultados. A Noruega é um bom exemplo: o crescimento do PIB do país neste ano será o dobro do ocorrido no ano passado: 3,1%. Curiosamente, o número percentual é o mesmo do desemprego, um dos mais baixos do mundo. Fortalecida com as receitas de exportação de petróleo, a Noruega está conseguindo expandir seu orçamento, elevando, por exemplo, despesas militares.
A economia da Suíça, que não utiliza o euro como moeda, também está mostrando-se resiliente. Hoje, a economia do país é maior do que antes do início da crise, ao contrário da maior parte dos países europeus. O PIB real da Suíça em 2012 é 8% superior ao de 2007, enquanto o PIB da eurozona encolheu 0,4% no período e o do Reino Unido, 1,5%, segundo dados da agência de classificação de risco de crédito Standard & Poor’s. Para a economista da S&P, Sophie Tahiri, a Suíça crescerá 0,8% neste ano e 1,1% no ano que vem, principalmente por causa da competitividade de suas exportações e do aumento do relacionamento das empresas suíças com os mercados emergentes.
Assim, é possível que a forte contração de muitos países europeus seja contrabalançada, ao menos em parte, por diversas economias que estão saudáveis na região. Crescimento econômico nos Estados Unidos e na China são fatores determinantes para a economia brasileira, já que ambos (principalmente o país asiático) são grandes compradores de produtos do País. O PIB deverá crescer 4% em 2013, previu o ministro da Fazenda, Guido Mantega na terça-feira 13. “Estamos acelerando o crescimento da economia brasileira para que possamos viabilizar em 2013 um crescimento do PIB acima de 4%”, afirmou o ministro.