08/12/2014 - 15:00
Maior fabricante brasileira de computadores pessoais (PCs), a Positivo Informática retomou a liderança do mercado nacional no terceiro trimestre, após nove meses atrás da chinesa Lenovo. A empresa paranaense, porém, não terá muito tempo para comemorar: com as vendas de PCs desacelerando, a Positivo estuda diversas opções de negócios – desde smartphones até relógios e geladeiras inteligentes, passando por vestíveis e pela abertura de mercados na África. É o que explica seu presidente, Hélio Rotenberg.
A Positivo é, há dez anos, a maior fabricante brasileira de computadores. Como permanecer tanto tempo no topo?
O principal fator é que nossos concorrentes apostam em um modelo de negócio global. Nós pensamos no mercado brasileiro. Há alguns anos, por exemplo, observamos que o consumidor que estava comprando o primeiro computador também queria a segunda tevê. Lançamos então o PC TV.
Agora a venda de PCs está desacelerando. Não está preocupado?
A queda foi forte no ano passado e continua neste ano. Em 2015, já veremos sinais de estabilização. Mas, mesmo assim, o mercado de PCs continuará interessante. E pretendemos estar bem posicionados.
Que oportunidades ainda podem ser exploradas em PCs?
As oportunidades estão na demanda das médias e grandes empresas e do setor de educação. Estamos bem posicionados também no segmento de pequenas empresas. Hoje, temos cinco mil revendedores.
E como compensar a queda no mercado de PCs?
Nosso foco são tablets, smartphones e híbridos, os aparelhos que funcionam como notebook e tablet. Em celulares inteligentes, crescemos mais de 400% nos últimos 12 meses. Também somos competitivos em híbridos. A resposta veio: 2014 foi difícil, mas, no trimestre passado, voltamos ao lucro, com um resultado de R$ 13,5 milhões.
Qual é a estratégia da Positivo para os smartphones?
Não estamos nesse mercado para concorrer com a Apple, obviamente. Mas podemos conquistar uma fatia interessante no segmento de aparelhos até R$ 800. Fechamos parcerias com algumas operadoras para nos posicionarmos melhor no varejo. O mercado de smartphones é muito grande no País e até uma pequena porcentagem dele representa números interessantes para a empresa.
A Positivo está pensando nas novas tecnologias?
Vestíveis e internet das coisas são mercados muito verdes. Mas tudo indica que serão interessantes no futuro. Temos nossos planos e, quando chegar o momento, apresentaremos nossos produtos.
Mas tablets, smartphones e até vestíveis são aparelhos mais baratos que computadores. A queda no mercado de PCs não representaria uma redução das vendas?
É por isso que aparelhos como os híbridos são importantes em nossa estratégia. Um tablet custa R$ 250 e um híbrido, cerca de R$ 900. É bem mais do que o triplo. Vamos continuar apresentando resultados saudáveis, mesmo com a desaceleração de PCs.
Qual é a importância da internacionalização em sua estratégia?
Temos duas fábricas na Argentina. Elas atendem o mercado local e uruguaio. Estamos montando nossa planta em Ruanda. Fechamos um contrato com o governo local para a venda de 750 mil máquinas. Vamos procurar oportunidades semelhantes na região.
Vender para o consumidor final africano também é uma opção?
Trabalhamos com essa possibilidade. Mas existe uma ordem de ações. A primeira é atender ao pedido de Ruanda. A segunda é buscar oportunidades semelhantes nos países vizinhos. Se vender computadores na África se tornar uma opção, aproveitaremos.
A Positivo resistiu a uma grande rodada de ofertas de compra no passado. A empresa nunca vai ser vendida?
Sempre ouvimos as propostas de interessados, estudamos e damos nossa resposta. Foi assim no passado e não achamos que era interessante sair do mercado naquele momento. Mas, como homens de negócios, sempre damos a devida atenção às propostas.