28/01/2015 - 19:00
Desde 2008, o executivo paulista Enrico Zito, presidente da divisão de eletrodomésticos da Whirlpool na América Latina, dirige seu carro todas as manhãs em direção à sede da empresa, às margens do rio Pinheiros, na Zona Sul de São Paulo. Sua rotina diária, que o levou a familiarizar-se com cada atalho do caminho, no entanto, irá mudar de forma drástica a partir desta semana. Depois de sete anos percorrendo o mesmo cenário, ele terá que conhecer as ruas do distrito de Pudong, em Xangai, principal polo econômico da China.
Há uma semana, Zito foi alçado ao comando da problemática operação da Whirlpool no gigante asiático. Com vasta experiência internacional, em posições importantes no México e nos Estados Unidos, ele terá a missão de reverter as perdas da fabricante de eletrodomésticos na segunda maior economia do mundo. Há algum tempo, a subsidiária chinesa tem puxado para baixo os resultados da Whirlpool na Ásia. Entre janeiro e setembro do ano passado, as receitas da empresa no continente caíram 8,9%, de US$ 2,99 bilhões, registrados em 2013, para US$ 2,73 bilhões.
“As multinacionais ainda têm dificuldade de vender no mercado chinês por causa das barreiras do governo”, afirma André Nassif, professor de economia da FGV-RJ. “Muitas acabam optando por joint-ventures ou aquisições de empresas locais.” Esse foi exatamente o caminho traçado pela Whirlpool para se recuperar na região. Ao assumir o comando da operação, em fevereiro, Zito encontrará o reforço da fabricante de eletrodomésticos Hefei Sanyo, terceira maior do mercado chinês, atrás de Haier e Midea. Em julho, os americanos compraram 51% da empresa por US$ 550 milhões. Zito irá se juntar a um seleto grupo de executivos brasileiros que atuam em território chinês.
Entre eles, figuram Hugo Barra, ex-vice-presidente do Google e atual vice-presidente internacional da fabricante de celulares Xiaomi, considerada a Apple chinesa, e Alberto Kuba, diretor de vendas da fabricante catarinense de motores WEG. “Os brasileiros são conhecidos no mercado internacional como criativos e acostumados a ambientes adversos de trabalho”, diz Leandro Muniz, consultor subsidiária do escritório de headhunting Michael Page, no País. Na América Latina, as funções de Zito serão incorporadas por João Carlos Brega, presidente geral da Whirlpool na região.