Depois de saber que seria o responsável por montar a subsidiária da fabricante de equipamentos fotográficos Nikon no Brasil, o japonês Koji Maeda não teve muito tempo para aprender português. Foram apenas dois meses de estudo. Por isso, a desenvoltura com que explica os planos e metas da empresa no País impressiona. O desafio de Maeda, no entanto, é muito maior que o idiomático. 

A empresa que comanda,  filial da terceira maior fabricante de câmeras fotográficas do mundo, inaugurou na quarta-feira 27, em São Paulo, seu primeiro escritório na América do Sul movida por objetivos ambiciosos. Dona de uma fatia de apenas 1% do setor de câmeras compactas, voltadas a amadores, a Nikon quer conquistar 15% de participação em até três anos no País. No segmento profissional, a meta é saltar de 17% para 40% de participação no mesmo período. Mas, para alcançar as metas, a companhia terá de superar não só os concorrentes, mas também impor-se num mercado em transformação por conta da popularização dos celulares com câmeras. 

 

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Koji Maeda: o objetivo é conquistar 15% do mercado de consumo e 40 % do setor profissional

 

Por enquanto, a equipe de Maeda fará somente a comercialização, mas a empresa considera a possibilidade de fabricar os equipamentos no País. Até março deste ano, a Nikon atuava no Brasil por meio de dois representantes, a TTanaka e a Udenio. Ambos os contratos expiraram. “Vamos ter uma operação completamente diferente,  a partir de agora, que não pode ser comparada à antiga em termos de números”, afirma Maeda. 

 

Nos outros países em que atua diretamente, a fabricante detém participação similar à que pretende alcançar no Brasil. Para Joel Garbi, diretor de marketing da Nikon no Brasil, com a subsidiária local ficará mais fácil para encontrar os produtos. “Chegaremos a dois mil pontos de venda em dois anos”, diz Garbi. No primeiro ano de operação, a expectativa é faturar R$ 100 milhões. 

 

A Nikon chega ao Brasil em um ótimo momento do mercado. No ano passado, as vendas de câmeras digitais cresceram 38,8% no País, atingindo 3,5 milhões de unidades, segundo dados da consultoria GFK. O motivo para o bom desempenho está não apenas no momento econômico favorável, mas também no fato de os brasileiros adorarem registrar em cliques os momentos de sua vida. De acordo com um estudo feito pela empresa americana de pesquisas Infotrends, no Brasil as pessoas tiram duas vezes mais fotos do que nos EUA. 

 

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A missão é fazer com que essas fotos sejam tiradas com câmeras fotográficas, e não com celulares, como acontece em boa parte dos casos. Nos EUA, mercado considerado maduro, os telefones já são responsáveis por 42% das fotos. Entre jovens de 13 e 17 anos, o porcentual sobe para 54%, de acordo com a consultoria NPD Group. 

 

Luciano Crippa, coordenador de pesquisas da consultoria de tecnologia IDC, afirma que, de fato, existe um movimento de canibalização do mercado de câmeras pelos celulares, que estão incorporando lentes cada vez mais potentes. Mas a demanda por câmeras semiprofissionais também cresce. “Aquele consumidor que utiliza frequentemente o celular para fotos rápidas é também um potencial cliente de equipamentos mais sofisticados”, diz Crippa. 

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A Nikon sabe disso, mas dá importância também para outro aspecto. “Para o consumidor, tão importante quanto registrar o momento, é compartilhá-lo”, diz Garbi. Como a Nikon não planeja lançar um celular, o jeito é mergulhar  no mundo virtual. “Estamos trabalhando em uma estratégia online que passará pelas redes sociais”, afirma Garbi,  sem  detalhar. Ao mesmo tempo, a empresa vai priorizar o público chamado de “amador avançado”. Para ficar bem na foto, a Nikon vai trazer toda sua linha de produtos, incluindo as câmeras semiprofissionais.