23/12/2015 - 18:30
Objeto de desejo dos atletas olímpicos, o ouro não é visto com a mesma unanimidade pelos investidores. Por ser uma reserva de valor, ele é procurado em momentos de crise, como o atual. Nos 12 meses findos em novembro, o ouro rendeu 35,6%, perdendo apenas para os 50,4% de alta do dólar nesse período. Os desafios que se afiguram em 2016 podem justificar uma aposta no metal. Um dos motivos é técnico. Por ser uma commodity precificada internacionalmente, o ouro está atrelado ao dólar, uma moeda que se valorizou em relação ao real brasileiro.
E, se houver novas depreciações do real, o ouro vai subir mais. “Quando você está comprando ouro aqui no País, você adquire, na verdade, dólares”, afirma Alexandre Espírito Santo, professor da Ibmec-RJ e economista da Órama Investimentos. O aumento de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano, em dezembro e o rebaixamento da classificação de risco do Brasil, além da saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda, podem fazer o dólar alcançar R$ 4,50 em 2016. O ouro pegará carona na moeda americana.
Já a recuperação da economia global, ainda que de forma lenta, continuará pressionando o preço do ouro para baixo. Os indicadores americanos vêm melhorando, com o desemprego fechando a 5% em novembro, o nível mais baixo desde fevereiro de 2008. “A inflação dos Estados Unidos não deve passar dos 2%, o que não é suficiente para valorizar o ouro”, afirma Espírito Santo. Apesar da rentabilidade de 2015, o ouro não é recomendado para todos os investidores. Para Mauro Calil, especialista em investimentos da Ourinvest, aquele que deseja apostar nas oscilações da commodity deve ter um perfil mais sofisticado.
“O ouro não é para quem tem R$ 100 mil na poupança, mas sim para quem possui milhões e quer ter segurança”, afirma. Para se investir em ouro na BMF&Bovespa, o interessado tem que adquirir, no mínimo, 250 gramas, que é o lote padrão da bolsa, um investimento de cerca de R$ 33 mil. “Existem também os mini-contratos negociados na bolsa de dez e 0,225 gramas, mas eles não têm liquidez”, diz Calil.
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