12/01/2011 - 21:00
O dólar encerrou 2010 cotado a R$ 1,66, uma queda de 4,31% no ano. É uma desaceleração menos pronunciada do que os 23% de 2009. Mas não se anime: ela não significa uma alteração na trajetória da moeda americana, nem que investir nas verdinhas será um bom negócio em 2011. O movimento de baixa deve continuar, e quem insistir nos dólares vai sofrer queimaduras e candidata-se a receber as vaias da audiência. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), nos 12 meses encerrados em 30 de novembro os 50 fundos cambiais registrados perderam, em média, 0,78%.
US$ 22,6 bilhões foi a entrada de investimentos diretos nos primeiros nove meses de 2010
Nenhum deles conseguiu superar a rentabilidade dos juros de mercado. Por isso, a avaliação da empresa Economática para a DINHEIRO não considerou a relação entre risco e retorno – todos eles ficaram devendo nesse quesito.
A queda do dólar foi provocada por dois motivos no ano passado. Um deles foi global. O governo dos Estados Unidos resolveu injetar dinheiro em sua economia para forçar uma recuperação e o resultado foi uma inundação mundial de dólares. “Essa política provocou uma desvalorização geral da moeda americana e o Brasil não foi exceção”, diz Pedro Galdi, analista-chefe da corretora SLW.
O outro motivo foi interno. O Brasil recebeu, até o terceiro trimestre, US$ 22,6 bilhões em investimentos diretos, o que fez as reservas internacionais avançarem US$ 50,1 bilhões no ano passado, para US$ 288 bilhões.
“A economia do Brasil saiu muito bem da crise, fator que somado aos juros altos tornou o País muito atrativo para investimentos estrangeiros e aumentou a entrada de dólares no País”, diz Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica Investimentos.
Se o Banco Central (BC) não tivesse sido bastante ativo, elevando o Imposto Sobre Operação Financeira (IOF) e comprando dólares, a queda das cotações teria sido ainda mais acentuada, avalia Jorge Knauer, diretor de tesouraria do Banco Prosper.
A expectativa dos bancos para 2011 é de que o dólar termine o ano a R$ 1,75. Isso representa uma estimativa de valorização de 5,5%, apenas levemente acima da inflação prevista e cerca da metade dos juros de mercado esperados para o ano.
Segundo Galdi, o governo americano vai continuar a injetar dinheiro na economia e os investidores vão trazer mais e mais dólares para o Brasil, de olho não só nos juros elevados como também nas boas perspectivas para o crescimento econômico.
Por isso, aplicar no câmbio só vale em alguns poucos casos, como para quem tem dívidas em dólar e não quer correr o risco de um solavanco inesperado nas cotações. Se não for o caso, a recomendação é fugir do dólar. Quem especular pode ficar com queimadura nas mãos.