Se foram as cifras bilionárias do escândalo de desvio na Petrobras que motivaram a ida da maior parte dos manifestantes às ruas no dia 15, há razões suficientes para concluir que o peso no bolso contribuiu para aumentar a revolta nas ruas e o barulho dos panelaços. O conjunto de juros e inflação elevados, somado à recessão, afeta empregos, corrói a renda e mina a confiança dos brasileiros neste ano. Em meio ao ajuste fiscal, uma maioria acredita que o pior ainda está por vir no País.

Seis em cada dez pessoas esperam uma deterioração na economia nos próximos meses, segundo levantamento do Datafolha realizado na última semana. A percepção sobre o mercado de trabalho e os rendimentos alcançam níveis recordes de pessimismo nos dados do instituto. Cerca de 70% dos entrevistados esperam um aumento no desemprego. Esse quadro pesa na avaliação da presidente Dilma Rousseff, que registrou a maior reprovação desde o governo de Fernando Collor, às vésperas do impeachment, em 1992.

Entre gritos contra a administração petista, políticos corruptos e pedidos de impeachment, manifestantes citaram à DINHEIRO uma série de insatisfações com a economia que os levaram ao protesto na Avenida Paulista – 210 mil compareceram ao ato, segundo o Datafolha, e um milhão, segundo a Polícia Militar. As queixas vão desde o aumento no preço da gasolina até o marasmo nas fábricas do ABC paulista.