Poucos executivos trocariam um cargo de destaque em uma empresa global que fatura US$ 65,1 bilhões e se encontra em plena ascensão por uma posição de comando em uma companhia cujo lucro cai a cada ano e vê sua sobrevivência colocada em dúvida. Mas foi exatamente o que fez a americana Sherilyn McCoy, 53 anos. A partir de 23 de abril, ela dará expediente na Avon, cujas receitas somaram US$ 11,3 bilhões em 2011, em substituição a canadense Andrea Jung, que permanecerá na presidência do conselho de administração. A fabricante de cosméticos vive um dos piores momentos de sua história. Desde 2004, seu valor de mercado só fez cair e hoje está em US$ 9,5 bilhões, inferior ao da brasileira Natura. 

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Sherilyn Mccoy: ”Estou ansiosa para traçar um roteiro e iniciar

uma nova fase de crescimento da Avon”

 

Com a mudança, Sheri, como é mais conhecida, dá o passo mais arriscado de sua carreira. Engenheira química de formação, ela ingressou na J&J, em 1982, como cientista e chegou ao posto de vice-presidente da divisão de consumo. “Estou ansiosa para traçar um roteiro e iniciar uma nova fase de crescimento da Avon”, disse ela em comunicado. Mas, para retocar a imagem da Avon será preciso um pouco mais que experiência. Sheri terá de entender como funciona o negócio das vendas diretas. E precisará fazer isso enquanto bola estratégias para recuperar a rentabilidade da companhia. Nos últimos seis anos, a receita da Avon avançou 28%, mas o lucro recuou 14%. 

 

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Andrea Jung: CEO desde 2001, a executiva deixa o comando da Avon com lucros em queda.

Mas permanecerá no conselho de administração.

 

No início deste mês, a francesa Coty fez uma oferta de US$ 10 bilhões para assumir o seu controle. A proposta foi rechaçada, mas os franceses pretendem voltar à carga, seduzindo os principais acionistas. “A concorrência tem ficado cada vez mais acirrada e a Avon também vem enfrentando sérios problemas operacionais”, disse à DINHEIRO Carrie Mellage, diretora da divisão de consumo da consultoria Kline Group, de Nova York.  Para piorar o cenário, a Avon também enfrenta acusações de pagamento de suborno a autoridades da China. Pesa a favor da nova CEO  sua experiência. “Ela tem um currículo forte o suficiente para acalmar os ânimos  dos investidores”, diz Sérgio Rebêlo, diretor da consultoria paulista Factor de Solução. 

 

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