O fim do mundo pode até não ser em 2012, como apregoam os profetas do apocalipse e estudiosos do calendário maia. Para algumas empresas de tecnologia, no entanto, este ano será um período difícil, até mesmo cruel, caso não entrem nos eixos e retomem um papel central diante da revolução tecnológica. Há vários casos de companhias que gozaram de imenso prestígio e já ditaram os rumos do mercado, mas que hoje enfrentam grandes obstáculos. O maior expoente desse grupo é a centenária Kodak. Outrora uma das gigantes americanas e ícone do setor de fotografia, a fabricante de filmes e impressoras não conseguiu se reinventar depois do surgimento das câmeras digitais, que mataram seu principal negócio, e agora pode entrar em concordata. Embora a Kodak seja o caso mais dramático, há outros titãs da tecnologia que também não vivem posições confortáveis. É o caso, por exemplo, de Nokia, RIM, Olympus e Yahoo!.

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Momento decisivo: os CEOs da RIM, Jim Balsillie (à esq.); da Nokia, Stephen Elop; da Kodak, Antonio Perez;
e do Yahoo!, Scott Thompson, terão um ano difícil pela frente, caso não consigam reinventar suas companhias.

 

A situação da Kodak é fruto de erros estratégicos antigos. Em 1975, a companhia inventou a câmera digital. Mas, para não canibalizar seu negócio de filmes fotográficos, ela decidiu não lançar o produto. Resultado: ficou de fora dos dois mercados. Na semana passada, o The Wall Street Journal publicou a informação de que ela se prepara para pedir proteção contra a falência. Após os rumores, o CEO da Kodak, Antonio Perez, anunciou um plano de reestruturação que foi bem recebido pelos investidores e fez com que as ações da empresa subissem quase 30%. Quem também queimou o próprio filme no setor de fotografia foi a japonesa Olympus. Em novembro do ano passado, a empresa confessou ter ocultado perdas em seus balanços desde 1990. A fraude pode superar US$ 1,5 bilhão. 

Na semana passada, ela decidiu processar seu ex-presidente Tsuyoshi Kikukawa e outros 18 executivos por conta do episódio. Os efeitos dos equívocos estratégicos também são sentidos no setor de celulares. A finlandesa Nokia que o diga. Se ela reinou durante a época dos celulares que apenas faziam ligações, na era dos smartphones ela perde mercado sem parar.  Em 2010, a empresa detinha 36% do setor de telefones inteligentes, porcentual que caiu para menos de 17% no ano passado. O cerco feito pela concorrência afeta outra conhecida fabricante da área de telefonia: a RIM, dona do popular BlackBerry. A canadense, assim como a Nokia, vê seu mercado minguar, com a participação reduzida de 15%, em 2010, para 11% em 2011. 

 

Missão mais complicada, porém, é a de Scott Thompson, o novo CEO do portal de internet Yahoo!. A empresa há anos vive da lembrança das glórias de ter sido uma das pioneiras da internet. Incapaz até o momento de se adaptar ao mundo das redes sociais e reagir à concorrência de Google e Facebook, o portal contratou Thompson em setembro. Ele veio ocupar o lugar da então CEO Carol Bartz, que não soube tirar a empresa do marasmo. A chegada de Thompson, no entanto, não causou impacto positivo imediato. Na data de sua apresentação, no dia 4, as ações da companhia tiveram queda de 3,1%. Resta saber se, nos próximos meses, Thompson, assim como seus pares da Kodak, Olympus, Nokia e RIM, conseguirão dar a resposta que soará como música aos ouvidos dos acionistas e clientes: aumento de lucro e uma posição de vanguarda no mercado de tecnologia.