“Olá. Bom dia.” Essas são praticamente as únicas palavras que o executivo Shigeru Azuhata, vice-presidente do grupo japonês Hitachi, sabe pronunciar em português. A tendência, no entanto, é que daqui para a frente seu vocabulário do idioma aumente, por conta do seu contato mais próximo com o mercado brasileiro. Isso porque a companhia inaugurou neste mês um centro de pesquisa e desenvolvimento em São Paulo, o primeiro da Hitachi na América Latina e o sétimo no mundo. A iniciativa é resultado direto do fato de o Brasil ter sido definido, ao lado da Índia e do Oriente Médio, como a prioridade nas estratégias da companhia até 2015. 

 

112.jpg

Hora de inovar: centro de pesquisa no Brasil começará com estudos

sobre mineração e agronegócios, diz o vice-presidente Azuhata

 

O objetivo com o núcleo de inovação é desenvolver tecnologias que municiem os negócios no País. Os primeiros alvos de estudo são soluções tecnológicas para as áreas de mineração e agronegócios. “A intenção é descobrir quais são as outras necessidades do mercado nacional para, a partir daí, avançarmos no desenvolvimento de pesquisas”, afirmou Azuhata à Dinheiro. O fôlego financeiro para a criação do centro de inovação, assim como para todo o projeto de crescimento da operação, vem de um investimento programado de US$ 300 milhões, verba que será aplicada nos próximos dois anos no Brasil. 

 

Com essas ações, a Hitachi espera elevar o faturamento da filial brasileira dos atuais US$ 300 milhões para cerca de US$ 1,5 bilhão – no mundo, ela controla 963 empresas e registrou um faturamento total em 2012 de US$ 96 bilhões. Um dos projetos que podem contribuir para a empresa alcançar esse objetivo é o do trem-bala, que ligará Campinas ao Rio de Janeiro, passando por São Paulo. A companhia faz parte de um consórcio, formado também pela Mitsubishi e pela Toshiba, que participará da licitação para operar o empreendimento. A data prevista para a entrega das propostas por parte dos consórcios participantes é agosto. 

 

113.jpg

Oportunidades: para Iwayama, presidente da filial brasileira, os próximos

dois anos serão os mais importantes para a empresa no Brasil

 

“O Brasil vive um momento crucial na área de infraestrutura”, afirma Toshiro Iwayama, presidente da Hitachi no Brasil. “Essa é uma área que certamente nos apresentará muitas oportunidades de negócios.” A estratégia de expansão envolve duas frentes principais. Uma delas é o avanço orgânico dos negócios que controla. O Grupo Hitachi opera no País por intermédio de dez companhias, que atuam em setores como fabricação de ar-condicionado, acessórios automotivos, manutenção de equipamentos de óleo e gás e escavadeiras. O outro caminho para a expansão é a incorporação de outras empresas. “Vamos anunciar aquisições futuramente”, afirma Iwayama, sem entrar em detalhes sobre os planos. 

 

A estratégia da Hitachi, no Brasil e no Exterior, está voltada para o negócio entre empresas, como historicamente é seu foco. Houve um breve período, no entanto, em que a companhia, fundada em 1910, na província de Ibaraki, no nordeste do Japão, se voltou para o consumidor pessoa física. Isso se deu entre as décadas de 1980 e 1990, quando começou a fabricar televisores e reprodutores de VHS, entre outros itens. No Brasil, a participação nesse setor se deu por meio de parceria com a Philco, então controlada pela Ford, que a vendeu à Itautec em 1994. 

 

“A produção de eletroeletrônicos não faz mais parte de nossa estratégia”, diz Azuhata. O foco no futuro continuará a ser o desenvolvimento – apenas para citar um exemplo – de tecnologias de análise de solo a partir de fotos de satélite. Nessa trajetória, o momento atual é encarado de forma diferente pela Hitachi. Internamente, a estratégia em execução é vista como a de maior porte já implementada pela companhia desde que chegou ao País, em 1940. “Seguramente os próximos dois anos serão os mais importantes da Hitachi no mercado brasileiro”, afirma Iwayama.

 

114.jpg