06/04/2023 - 3:10
Por décadas, o carro popular foi a única alternativa para muitos brasileiros. Mas o alto custo das matérias-primas e carga tributária de padrões escandinavos tornaram praticamente inviável para as montadoras a produção e comercialização de modelos do segmento nos últimos anos, segundo Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do Sul.
Hoje, só dois veículos do portfólio das montadoras que atuam no País integram a categoria: o Fiat Mobi e o Renault Kwid. A faixa de preço das versões de entrada dos dois modelos é de R$ 68 mil, um custo bem superior ao rendimento da maioria das famílias no Brasil.
Como comparação, uma pessoa que recebe salário mínimo (R$ 1,3 mil) teria de poupar 100% do salário por 4 anos e 3 meses para adquirir um deles. Por isso, Filosa defende a participação de associações da indústria automotiva, como a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em discussões com o governo federal para buscar uma solução.
“Se eu comercializar o Fiat Mobi por um preço menor, perderemos dinheiro porque existe todo um custo de matérias-primas que independe se estou fazendo um modelo de entrada ou o Jeep Compass”, afirmou.
Entre as propostas do executivo italiano está a criação de um regime tributário especial que garantiria alíquotas menores para segurar o preço mais baixo, além de oferta de crédito para a aquisição desses veículos.
Apesar dos preços, os dois modelos seguem entre os preferidos do consumidor. O Fiat Mobi foi o quarto automóvel mais vendido em 2022 (72,7 mil unidades), enquanto o Renault Kwid foi o 11º, com 57,3 mil.
(Nota publicada na edição 1319 da Revista Dinheiro)