28/03/2013 - 21:00
O dia a dia do executivo potiguar Alínio Azevedo Neto, 37 anos, passa longe da tranquilidade das paradisíacas praias de Natal, sua cidade de origem. Como diretor para a América Latina e Portugal da rede canadense de hotéis de luxo Four Seasons, ele tem dois endereços fixos. Um deles é Toronto, onde funciona a sede da companhia. O outro, Miami, cidade que escolheu para morar com a esposa, também brasileira, e suas duas filhas nascidas nos Estados Unidos. Mas não é nenhum exagero dizer que Azevedo Neto vive mesmo, na maior parte de seu tempo, dentro de um avião e dos hotéis da concorrência. Explica-se: ele tem o hábito de perambular pelos mercados potenciais em que a Four Seasons ainda não opera.
Um estranho no ninho: Azevedo Neto, da Four Seasons, posa para a foto no hotel
Bourbon Convention, em São Paulo
Passa, pelo menos, metade do mês longe de suas bases. E, nesses casos, hospeda-se nos hotéis dos rivais. Foi num deles, inclusive – o Bourbon Convention Ibirapuera, que o executivo recebeu DINHEIRO para esta entrevista “Conheço praticamente todos os hotéis de luxo de São Paulo”, afirma Azevedo Neto. Essa rotina, pelo menos quando ele estiver no Brasil, está com os dias contados. Isso porque a Four Seasons se prepara para estrear no País, inaugurando cinco hotéis com a sua bandeira até 2018, em um investimento estimado em R$ 1,5 bilhão. No plano estão previstos duas unidades em São Paulo e outras em Pernambuco, Brasília e Rio de Janeiro. Para atender o mercado carioca, a companhia também analisa possíveis aquisições.
“Há muita escassez de terrenos na zona Sul para começar um projeto do zero”, diz Azevedo Neto. Ele não confirma, mas uma das negociações envolve o Gloria Palace Hotel, que pertence ao grupo EBX, do bilionário Eike Batista. Procurada, a EBX não admitiu as conversas. O desembarque no Brasil faz parte da estratégia de expansão da companhia na América Latina. A Four Seasons conta atualmente com dois hotéis no México, e mais três na Costa Rica, na Argentina e no Uruguai. Em cinco anos, serão construídas 16 novas unidades na região. Além do País, Chile, Peru e Colômbia também vão receber hotéis da rede canadense. Com isso, a missão de Azevedo Neto é dobrar a participação dos países latino-americanos, hoje estimada em 10%, no faturamento global da companhia, até 2018.
Boa estada: o Four Seasons de Toronto será referência para a unidade
que será construída em São Paulo
“Adotamos uma postura mais pró-ativa com relação a esse mercado”, diz Azevedo Neto. Isso significa buscar parceiros dispostos a investir alto na construção de um empreendimento nos padrões da Four Seasons. É o caso da Iron House Real Estate, braço de investimentos imobiliários do grupo pernambucano Cornélio Brennand. As duas empresas, inclusive, já assinaram uma carta de intenções prevendo a construção de um hotel na capital paulista e outro na região metropolitana de Recife. “O Brasil tem uma carência enorme de hotéis de alto luxo”, afirma Ruy Rego, presidente da Iron House. Segundo ele, as duas unidades deverão ser inaugurados em 2016.
Em São Paulo, o Hotel Four Seasons consumirá R$ 430 milhões e será integrado ao Parque da Cidade, novo bairro composto por edifícios corporativos, residenciais e shopping center, em construção pela baiana Odebrecht, na marginal do rio Pinheiros, na zona Sul da cidade. Já o projeto pernambucano custará R$ 300 milhões. Trata-se de um resort urbano com 153 suítes, na Reserva do Paiva, outro bairro em desenvolvimento pela Odebrecht. Considerada a maior rede de hotéis de alto luxo no mundo, a Four Seasons conta com 91 unidades em 36 países. Sua chegada ao Brasil pode ser encarada como a abertura de um novo nicho de mercado. De acordo com Ricardo Mader, diretor da consultoria inglesa Jones Lang LaSalle, hotéis butiques, como o Fasano, o Copacabana Palace, e o Unique, dominam o mercado brasileiro. “É um segmento promissor, pois o Brasil virou um grande destino de negócios e turismo para os consumidores abastados”, afirma Mader.