20/10/2017 - 19:00
A notícia de que a Amazon iniciaria seu marketplace de eletrônicos no Brasil, na quarta-feira 18, causou frenesi e preocupação no mercado. Ações das principais empresas de comércio eletrônico que atuam no País recuaram de forma agressiva durante a semana que antecedeu o início da operação. O Mercado Livre, por exemplo, chegou a perder US$ 1,2 bilhão em valor de mercado em apenas um dia. A Via Varejo, donas das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, a B2W, que controla a Americanas.com e o Submarino, e o Magazine Luiza viram suas ações caírem 11,93%, 19,5% e 17,1% respectivamente, entre os dias 11 e 17 de outubro. O temor era claro: Jeff Bezos estava chegando com a sua insaciável fome de dominar o comércio eletrônico brasileiro.
O que aconteceu, no entanto, foi algo bem distante disso. Assim que o novo site foi ar, o mercado descobriu que a Amazon estava fazendo exatamente o mesmo desde que começou a operar no Brasil, em 2012. Sua operação de eletrônicos é bastante tímida, o que demonstra que a estratégia no País permanecerá avançando de forma lenta e gradual. O novo marketplace conta com 110 mil produtos vendidos por parceiros. Analistas compararam os preços com os rivais e chegaram a conclusão que são iguais ou, em muitos casos, até maiores. “Houve uma reação exagerada do mercado”, diz Paulo Azevedo, professor de estratégia financeira do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). “Sem políticas e estratégias claras, não dá para estimar a abrangência que a companhia terá no mercado.”
Procurada pela reportagem para comentar a estreia do serviço, a Amazon enviou uma nota em que diz não ter pressa e que não está pensando no curto prazo. Sobre os valores mais altos dos produtos ofertados, a empresa afirmou que “não interfere na estratégia de preços dos vendedores que estão no marketplace.” Mas, enquanto isso, os rivais se prepararam para enfrentar a gigante do varejo online. No mesmo dia do anúncio da empresa americana, a B2W, a maior operação de comércio eletrônico brasileira, informou que vai expandir seu programa de fidelidade Submarino Prime, que oferece frete grátis e entregas mais rápidas para 160 mil produtos, para todas as cidades das regiões Sul e Sudeste. Houve ainda o lançamento de um programa semelhante para o site Americanas.com e que deve chegar em novembro.
Com 30% de seu faturamento de R$ 4 bilhões proveniente das vendas digitais, o Magazine Luiza passou a vender produtos de terceiros em seu site no ano passado. A iniciativa fez com que as vendas saltassem de 40 mil produtos para mais de 1 milhão. Em 2018, a empresa prepara novos recursos para seu marketplace, como integração de loja física e online, venda de anúncios e um meio de pagamento próprio. Em um evento público, na semana passada, Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, fez questão de enaltecer que os pontos fortes de sua empresa são as lojas físicas. “O que para muito gente é um passivo, para nós é um ativo”, disse Trajano.
O Mercado Livre, que é o maior marketplace da América Latina, tentou dar um ar de normalidade à expansão da Amazon no Brasil. “Preferimos olhar em longo prazo e esperamos manter nosso ritmo de crescimento de 60% ao ano”, diz Stelleo Tolda, cofundador do Mercado Livre ao se referir as quedas das ações (assista sua entrevista ao programa MOEDA FORTE na TV DINHEIRO). Mas, em um e-mail que enviou aos seus vendedores, a empresa informou que vai diminuir a comissão cobrada pelo site para produtos vendidos por mais de R$ 300. No caso de anúncio Premium, a comissão passará de 16% para 14,6%. No Clássico, de 11% para 9,6%. Ninguém está parado.