O chamado American Way of Life (jeito americano de levar a vida, em tradução livre), possui alguns símbolos marcantes no mercado de consumo. Nesta lista, despontam dois itens cobiçados por marmanjos dos 8 aos 80 anos. O primeiro é a motocicleta Harley-Davidson, imortalizada em filmes como Sem destino. O outro é o isqueiro Zippo, lançado em 1932 e que se tornou um ícone entre fumantes e não fumantes após ter sido celebrizado pelos soldados americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Tanto a moto quanto o isqueiro têm em comum o fato de serem produzidos apenas nos Estados Unidos. 

 

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Atualmente, o isqueiro garante à terceira geração do clã Blaisdell, de Bradford, na Pensilvânia, uma receita de cerca de US$ 200 milhões por ano. Mas em um mundo em constante transformação, no qual avança o movimento antitabagista, a Zippo vem buscando se reinventar para manter sua chama acesa. As apostas vão desde a extensão de linhas de produtos, com a inclusão de óculos, canetas e roupas, até o fortalecimento de sua atuação em países emergentes, como o Brasil. Aqui, suas vendas cresceram 389% nos 12 meses encerrados em agosto. “Nosso desempenho no Brasil tem sido espetacular”, diz Greg Booth, CEO da Zippo. 

 

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Coleção: Greg Booth, CEO, diz que 25% dos clientes são não fumantes

 

O País integra a divisão internacional da empresa, que responde por 55% do faturamento. A guinada é fruto de profundas mudanças na condução dos negócios no mercado brasileiro. A começar pela troca da empresa responsável pela representação local, assumida pela paulistana Masterbrands Brasil no começo de 2012. Especializada em importação e distribuição de produtos alimentícios, além de lâminas e aparelhos de barbear, a empresa pôs sua experiência e musculatura em logística a serviço da Zippo. Isso permitiu desenhar uma estratégia de redução de preços que, até então, começava a partir de R$ 200. 

 

Graças a essa nova política, o valor cobrado pelo modelo básico caiu 40%, para R$ 120. “Sacrificamos um pouco da margem de ganho para ampliar o número de consumidores”, diz José Antonio Calcagniti, fundador e presidente da Masterbrands. Segundo o empresário, essa manobra não compromete a rentabilidade do negócio. “Até porque todos os clientes vão precisar se abastecer de fluido, que também é vendido por nós”, afirma. Quem toca o dia a dia da operação é Alexandre Lazarou, com passagem por marcas de consumo de luxo como a Victorinox, criadora do famoso canivete suíço. 

 

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Na vitrine: linha de canetas, óculos e vestuário representa 10% das receitas globais da marca 

 

Agora, o desafio é ampliar os pontos de venda. Hoje, Zippo pode ser encontrado em cerca de 1,5 mil revendas e a meta é figurar nas prateleiras das lojas de conveniência dos postos de gasolina. Por enquanto, não existe a intenção de trazer para o Brasil as linhas de roupas, óculos, canetas e demais produtos que levam a marca Zippo. “A demanda por isqueiro ainda é crescente”, diz. O mesmo vale para os demais mercados, de acordo com o CEO global Booth. Mesmo com o implacável cerco aos fumantes, a empresa continua se destacando no cenário mundial. 

 

“Crescemos 60% desde 2003”, afirma Booth. Outro indicador que reforça essa tese é o fato de a venda de isqueiros ainda representar 90% da receita anual. A explicação para esse fenômeno está no fato de que um grande número de clientes adquire o isqueiro para outros usos. “Cerca de 25% de nossas vendas são feitas para não fumantes”, afirma. Algo, sem dúvida, jamais imaginado por George Blaisdell, o criador do ícone forjado em aço e com garantia eterna. 

 

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