Nos últimos anos, o negócio de ensino de idiomas cresceu tomando dois caminhos diferentes. O primeiro, adotado pelas marcas líderes Wizard, CCAA, Fisk, CNA e Wise Up, partiu para a massificação, principalmente do inglês. Quanto mais alunos, melhor. Com mensalidades mais acessíveis, essas empresas conquistaram uma fatia de 60% do mercado no Brasil, e somam mais de 4,2 mil unidades, atualmente. Em outra direção, com números menos exuberantes , bandeiras  conhecidas pela qualidade de seus serviços, como Cel Lep e a americana Berlitz apostaram no público corporativo e de alta renda, cobrando R$ 1 mil por mês, em média, bem acima dos R$ 300 a R$ 500 da mensalidade da concorrência. A Berlitz, no entanto, começa a repensar seu público-alvo. “Somos uma boutique de idiomas, mas podemos ter uma atuação mais diversificada”, afirma Arthur Bezerra, diretor-geral da subsidiária brasileira. “Queremos ser mais populares.”

A popularização da Berlitz não será uma tarefa fácil. Embora seja centenária, a companhia é pouco conhecida no Brasil, onde está há 30 anos e mantém apenas 14 escolas – sendo nove próprias. O que chama a atenção, porém, é o número de alunos. São cerca de quatro mil estudantes, 80% deles executivos, o equivalente a quase 400 por escola – o dobro da média por unidade da Wise Up, por exemplo. A maior parte das aulas, no entanto, ocorre nas próprias empresas que contratam o serviço, como Google, EY, Petrobras, General Motors e Novartis. “Não damos apenas aulas de idioma, ensinamos os alunos a negociarem em outras línguas”, diz Bezerra, contratado como diretor geral no início do ano. Sua missão: fazer com que a Berlitz deixe de ser uma escola de nicho e ganhe escala, dobrando de tamanho até 2017. O executivo de 46 anos atuou como professor na rede de 1997 até 2006. Depois, passou pela Wise Up, controlada pela Abril Educação, onde permaneceu até 2014.

Fundada nos Estados Unidos em 1878 e controlada pelo conglomerado japonês Benesse, a rede tem um faturamento global de US$ 600 milhões. Segundo Bezerra, a Berlitz enxerga o mercado local com otimismo. “O Brasil tem uma proficiência muito pequena em outras línguas”, diz Bezerra, para quem há muito espaço de crescimento para o ensino de línguas no País. Segundo estudos da consultoria inglesa British Council, apenas 5% dos brasileiros têm fluência no inglês.  O fato de o Brasil presenciar, neste momento o  aumento da taxa de desemprego, que chegou a 8,1%, pode, inclusive, se tornar mais que um obstáculo, uma oportunidade. “As pessoas terão de se preparar melhor para conseguir empregos e o inglês já é algo fundamental há tempos”, afirma Cláudio Tieghi, diretor de inteligência da Associação Brasileira de Franchising. “No primeiro semestre, o número de novas franquias de ensino de idiomas cresceu 13,4%, em relação ao ano passado.”