“Recalculando a rota.” Essa é a mensagem que aparece no topo dos aparelhos de GPS quando um motorista não segue o roteiro sugerido, geralmente por uma doce e gentil voz feminina. É exatamente o que está fazendo a holandesa TomTom, maior fabricante de GPS do mundo, que tem operações no Brasil desde 2013. Com seu produto se transformando em uma commodity, encontrado em celulares e carros, era hora de mudar. “O mercado de GPS está em momento frágil”, afirma o português Julio Quintela, diretor da TomTom no Brasil. “Temos que pensar no próximo passo.” 

 

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Próxima curva: TomTom, de Quintela, também aposta em aplicativo para celular

 

Explica-se: segundo números da americana ABI Research, a venda de aparelhos dedicados ao GPS, que hoje movimenta cerca de US$ 6 bilhões no mundo, deve crescer apenas 7% nos próximos cinco anos – com quedas pelo caminho. “Esse mercado está sendo apertado por dois lados”, diz Patrick Connolly, analista da ABI Research. “De um deles, estão os smart­phones, que vêm com GPS integrado; de outro, os carros com o equipamento instalado.” Essa situação tem pressionado os resultados da TomTom. Em 2013, seu faturamento caiu quase 9%, alcançando € 963 milhões. O lucro, por sua vez, levou um tombo de 84%, com € 20 milhões. 

 

Como enfrentar esse novo cenário? “No fundo, os aparelhos de GPS prestam um serviço que está padronizado”, diz Connolly. “Ter outros produtos é vital.” No Brasil, a TomTom aposta em serviços premium. A companhia holandesa quer oferecer uma experiência diferenciada dos produtos chineses e dos aplicativos gratuitos para smartphones. Um exemplo é o TomTom Traffic, plataforma de monitoramento de trânsito que está disponível em seus principais mercados europeus e nos EUA. “O caminho sugerido ao nosso usuário vai considerar também a rota na qual ele levará menos tempo”, diz Quintela. 

 

Outro pilar da estratégia brasileira são produtos para empresas, como gerenciamento de frotas, localização de estabelecimentos e acesso à sua tecnologia de mapas. No mundo, a empresa busca outras opções, como, por exemplo, seu relógio esportivo. A aposta também chega aos smartphones. O aplicativo de mapas da empresa custa R$ 100 no Brasil. Excluindo os games, o programa da TomTom é o nono em faturamento na App Store, da Apple, e décimo na Google Play. “A participação do aplicativo nos resultados da empresa ainda é pequena”, diz Quintela. “Mas ele é estratégico para o futuro.”

 

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